A dupla de dança de vanguarda, m.o.v.e ,fala sobre a sua música, Vocaloid e de suas experiências internacionais.
Em um quarto vazio no Theaterhotel Almelo, na Holanda, o JaME encontrou-se com Motsu e Yuri do m.o.v.e. Vestidos com estilo e de bom humor, a dupla respondeu às nossas perguntas, às vezes de modo sério, às vezes tremendo de tanto rir.
Vamos começar logo! Como vocês fariam a propaganda da sua música para pessoas não familiarizadas com o m.o.v.e para elas ouvirem?
Motsu: Ah, essa é uma pergunta interessante, não é?
Yuri: Sim, é sim.
Motsu: A nossa música possui vários estilos, mas todas são músicas para dançar. Portanto, para que possamos forçar as pessoas a ouvi-las, elas tem que ser interessante.
Quando vocês chegaram ao Animecon?
Yuri: Eu realmente não sei. (risos)
Motsu: Dois dias atrás. Quinta, eu acho.
Nesse caso, vocês já viram alguma coisa da convenção?
Yuri: Eu mesma não tenho visto nada, ainda. Mas eu quero.
Motsu: Eu fiz um cosplay! (risos). Não, eu só dei uma volta de cosplay.
Eles reconheceram você?
Motsu: Não...não.
Qual cosplay você fez?
Motsu: Ah, eu acho que você não conhece...Destroyer? Um clássico lutador do Japão. Ele é americano, na verdade, mas muito popular no Japão. Pelo menos ele costumava ser. Destroyer.
Yuri: Mas havia um cara! (risos)
Motsu: Ah é! Teve um cara que me reconheceu, ele estava olhando para mim e disse, “Hey! Destroyer!” Mas ele era o meu DJ, então é por isso que ele me reconheceu.
Yuri, você vai dar uma olhada mais tarde?
Yuri: Ah sim, eu quero!
Vocês tiveram tempo de ver as coisas fora da convenção?
Yuri: Hmm, nós andamos um pouco pela vizinhança ontem e fizemos compras. Eu achei muito bonito e muito autêntico. Se você visse algo assim no Japão, pareceria falso.
Motsu: Esse é mesmo um lugar onde vocês gostam de andar de bicicleta, na é?
O tempo todo!
Motsu: A forma das bicicletas no Japão é bem diferente.
Desde 2009, vocês tem tocado como uma dupla; como a sua performance mudou desde então?
Yuri: Antes nós trabalhávamos com vários artistas, mas agora como uma dupla, quase todo o processo de composição e os shows mudaram.
Motsu: Antes nós só tínhamos uma banda, mas agora nós tocamos com um DJ. O nome dele é Remo-Con. Contudo, nós ainda usamos uma banda ocasionalmente.
Ano passado vocês lançaram o single Overtakers com SUGIZO e RYUICHI. Como surgiu essa colaboração?
Yuri: Nós os encontramos em um evento de carros e de alguma forma acabamos falando com eles. Nós realmente queríamos trabalhar juntos, então nós perguntamos se eles queriam colaborar juntos em algum momento. A nossa primeira colaboração foi para um filme.
Motsu: O filme é chamado “Gakudori”. É sobre vagabundear e estudantes, alguma coisa assim.
Yuri: Sim, era um pouco...
Motsu: Um pouco como matar dois coelhos com uma cajadada só (risos), trabalhar com eles e fazer alguma coisa no mundo do cinema ao mesmo tempo.
Sobre o processo de gravação então, vocês gravaram juntos em um estúdio?
Motsu: Sim, juntos.
Agora sobre o álbum XII, que foi lançado em março agora. Por favor, falem sobre ele!
Yuri: É o décimo segundo álbum. Nós tivemos uma ideia em nossa cabeça de doze meses ao ano, duas vezes doze horas por dia, etc. Portanto, várias associações com o número doze são feitas. Nós também fizemos uma música chamada XII nesse álbum, que foi a primeira que nós escrevemos. Durante a produção do álbum, o terremoto Tohoku aconteceu e nós fizemos uma canção para colaborar com os esforços de ajuda, então algumas músicas são bem sérias e pesadas. Apesar de esse ser o caso, eu gosto muito do álbum.
Qual canção é feita para colaborar com os esforços de ajuda?
Motsu: Native shout.
Yuri: Sobre essa música, apesar dela parecer completamente espalhafatosa ou pomposa, para mim ela tem um sentimento maravilhosamente sincero e sóbrio ligado a ela.
Há alguma música que vocês gostem muito de tocar ao vivo?
Yuri: Quando tocamos ao vivo, eu tenho gostado muito de Fly High, recentemente.
Motsu: Nós também vamos tocá-la hoje!
Por que Fly High?
Motsu: Porque eu a escrevi! (risos). Ano passado nós fomos à América do Sul e nós tocamos em quatro lugares diferentes. Foi uma experiência muito inspiradora e isso aparece muito nas letras.
Vocês tem alguma história engraçada ou curiosa sobre a sua ida à América do Sul?
Yuri: (risos) Há várias! A minha favorita é, eu acho, o fato de que os banheiros funcionam bem diferente por lá, você não pode dar a descarga com o papel! Naturalmente, muitas pessoas não sabiam disso, então isso acabou dando muitos problemas. (risos)
Motsu: E o chuverinho! Você sabe, no Japão eles tem uma coisa chamada “Washlet”, pela qual você se lava depois de ter terminado. Você já tentou um antes? Eu fiquei tão feliz que eles tinham um desses no Brasil!
A maioria dos países não tem isso (risos)
Motsu: Mesmo assim, o chuveirinho não era para o corpo, mas na verdade para limpar o banheiro ou algo assim! Mas nós não sabíamos disso é claro, e nós ficamos pensando: “Por que esse Washlet só tem água fria?!”. Porque normalmente eles sempre tem água quente para o conforto. Foi muito engraçado. (risos) E também, nós ficamos muito surpreendidos com o número de pessoas que foram. Eles eram muito animados. A América do Sul é muito, muito grande, então muitas pessoas vieram de longe. O fato de que eles estavam dispostos a viajar de tão longe nos fez muito feliz.
É, os fãs sul-americanos são muito apaixonados. (risos)
Motsu: Exato, nós sentimos isso algumas vezes também! Eles sempre gritavam muito alto. Com o YouTube e coisas do tipo, tudo acontece em questão de segundos. Mas fisicamente é uma grande distância, portanto eu entendo porque muitas pessoas não podem ir. Para nós foi muito bom, uma experiência muito boa!
A próxima é sobre Vocaloid. Vocês podem explicar o que é isso para os leitores não familiarizados com essa técnica?
Yuri: Em primeiro lugar, é um programa onde há várias vozes disponíveis. Usando o programa você pode criar músicas.
Motsu: Você pode escrever as letras...
Yuri: Sim, e então uma música é feita. Eu emprestei a minha voz para uma das personagens chamada Lily.
Como foi a gravação?
Motsu: Muito estranha!
Yuri: Sim de fato, a primeira gravação era de sons básicos como “aah”, “eeh” e etc. A terceira gravação foi falar e cantar palavras aleatórias, o que foi uma experiência esquisita.
Motsu: Sim, e então teve a altura dos sons.
Yuri: Sim, tinham três, não é?
Motsu: (continua com as diferentes entonações das palavras “mikan” e “melon” para ilustrar).
Yuri: (risos) Isso, exatamente desse jeito. Eu também não podia ter nenhum vício ou mania.O que significa que eu tive que fazer isso com uma voz sem nenhum efeito, sem nada, o que muito difícil de fazer! É engraçado que apesar de ser a minha voz, e de ainda soar como se fosse eu, não é a mesma coisa.
Então, não é como se você ouvisse a si mesma quando ouve tal música?”
Yuri: Todo mundo que usa o programa do Vocaloid e da Lily pode fazer canções que soam como eu, mas é um pouco diferente e engraçado de se ouvir. É estranho ouvir as músicas. Há momentos em que reconheço a minha voz, mas eu ainda sinto que é totalmente diferente. Eu imagino que provavelmente todos que já tiveram essa experiência se sentem do mesmo jeito, esse tipo de discrepância.
O design da Lily foi de alguma forma influenciado por vocês?
Motsu: Nós conversamos com Kei, o designer da personagem. Nós fizemos alguns pedidos em relação a como a personagem vai se parecer. Por exemplo, nós pedimos para que ele colocasse um CD na roupa dela e a tatuagem também foi nossa ideia.
Ela é a única personagem que tem uma tatuagem, não é?
Motsu: Sim, é verdade.
Vocês fizeram alguns álbuns do anim.o.v.e. Lily está na capa e o trabalho é do m.o.v.e. Onde está a ligação entre os dois?
Yuri: Nós queremos ver o m.o.v.e separadamente da Lily. A personagem Lily veio antes do programa, na verdade. Alguns anos atrás, em 2008, nós lançamos um álbum anim.o.v.e, que foi um álbum cover com músicas de anime. A personagem já estava lá. O programa veio depois, e depois disso eles quiseram adicionar a Lily ao Vocaloid.
Você tem viajado por todo o mundo. Vocês estão acostumados agora ou ainda há coisas que os surpreendem?
Yuri: Eu pessoalmente curto muito a viagem, especialmente quando você tem que ir a lugares incríveis. As diferenças culturais e históricas são bem perceptíveis, o que é muito divertido para mim.
Motsu: Nós nos acostumamos a viajar longas distâncias. A América era tão longe, mas por causa das turnês, nós nos acostumamos a isso. A cultura, as pessoas, e os palcos são tão diferentes, nós curtimos muito isso.
E quanto ao lado prático de viajar; alguma coisa que você levou na primeira vez e não precisou usar ou vice versa?
Motsu: Não há países, exceto no Japão, onde você consegue chá verde frio sem açúcar. Então, agora nós trazemos pacotes disso e café frio conosco toda vez.
Yuri: E a espera...
Motsu: Não há lojas abertas à noite! Muito esquisito.
Yuri: Ah, e o horário, você sabe?
Motsu: Ah sim, no Japão os horários são bem estritos. Tudo começa como agendado, mas quando estamos viajando, a grande diferença é que as pessoas são mais relaxadas, há mais atrasos e coisas do tipo. Agora nós já nos acostumamos, mas o nosso agente ainda está se acostumando a isso. (risos)
Yuri: Além disso, no Japão os cômodos dos hoteis são muito parecidos. Quando estamos viajando nós sempre percebemos como os cômodos são um tanto diferentes uns dos outros. Geralmente são sutis diferenças na decoração e tal. Eu costumava procurar pelas diferenças nos cômodos de hoteis onde ficávamos, mas hoje já estou acostumado a isso. (risos)
Nesse ano, vocês já vão estar na ativa por quase 15 anos, como vocês vão comemorar?
Yuri: Nós definitivamente queremos fazer alguma coisa para o aniversário, mas nós ainda estamos ocupados planejando. Nós ainda não sabemos exatamente, mas nós estamos definitivamente fazendo alguma coisa.
Motsu: No momento, nós também não podemos falar muito, porque ainda é um pequeno segredo. Nós estamos planejando anunciar em algum momento em Julho.
E os planos não tão secretos para o futuro, então?
Motsu: No próximo mês, nós estaremos na Suécia! E distribuiremos álbuns durante shows e eventos.
Última pergunta: vocês tem uma mensagem para os leitores do JaME?
Yuri: Eu quero muito tocar mais vezes no exterior e que as pessoas ouçam mais e mais as nossas músicas e álbuns! Se vocês ouvirem os nossos álbuns originais, estarão nos ajudando com isso!
Motsu: Há várias bandas diferentes no Japão, e nós queremos tocar mais com elas e com bandas estrangeiras também. Com sorte, desse jeito, nós podemos conectar mais as nossas culturas e levar essa música para o Japão.
Muito obrigada pela entrevista. Boa sorte hoje à noite, e tenham uma viagem de volta para casa segura!
Yuri e Motsu: Obrigado!
A JaME gostaria de agradecer ao m.o.v.e, à avex trax, e à Jpop Foundation por tornarem essa entrevista possível, e Masami Striesenau e Maikel Tönissen por suas traduções.