Cheio de gritos ferozes, refrões de whoa-oh cativantes e a energia atemporal do punk, Blackout é um décimo álbum diversificado e altamente satisfatório.
Enquanto os punks do horror de Osaka do BALZAC celebraram seu vigésimo aniversário ano passado, eles não pareciam preparados para descansar sobre seus louros tão cedo. Os últimos dez anos viram a banda dominar a integração de elementos do hardcore digital e do metal em seu som e, se seu último álbum, Blackout, é alguma indicação de para onde sua música segue, os próximos dez anos parecem ainda mais promissores.
A primeira música, The Black, é uma introdução rápida que ajuda o ouvinte facilitando sua entrada no álbum, fazendo os segundos de abertura frenéticos de Fragile menos chocantes—e eles certamente seriam sem isso, já que a música consiste principalmente de uma esmagadora manifestação de sons agressivos, parecidos com alarmes e gritos ásperos e ininteligíveis. Vale à pena ressaltar que a maioria das letras neste álbum são em inglês e, mesmo que a pronúncia de HIROSUKE possa ser bastante confusa, às vezes, você ainda pode pegar o suficiente das palavras para cantar junto. Além disso, com músicas tão boas assim, você não vai se importar quando não puder pegar as palavras.
BLOOD GLOWS COLD é cheia de gritos poderosos e seu solo rápido e com guinchos faz com que pareça um trem deslizando para fora dos trilhos. Cronometrando em menos de dois segundos, ela te deixa animado com seu punho no ar. E vai permanecer levantado para Hell Rising, que galopa tão rapidamente quanto, com gritos viciantes de “HELL FIRE!” que com certeza irão bem ao vivo, bem como um solo ardente. É seguida por The Bleeding Black, que é definitivamente um dos destaques do álbum. Gritos de “Blackout!” incitam-no a cantar junto, as influências do hardcore digital dão as caras, e uma citação de Charles Manson fornece um momento de descanso antes da banda se reunir para gritarem juntos “BLEEDING BLACK!” para um clímax impressionante. Pode não haver nenhum messias para o BALZAC, mas o futuro da banda certamente parece brilhante se essa música é uma dica do que está por vir.
Como HIROSUKE grita ao final da canção anterior, nós vamos “de sangrento a escuridão"1 e, ao mesmo tempo em que apresenta a bateria rápida e forte, em comparação a faixa-título é surpreendentemente animada e suave. Quando HIROSUKE canta “Time after time / Over and over / Will I ever see you again?”, parece quase como uma canção de amor. Entretanto, assim que o álbum começa a parecer otimista, a agourenta Hold You Breath reduz a velocidade das coisas de volta. Infelizmente, embora seja muito bonita, ela fica um pouco perdida entre as faixas mais rápidas.
O ânimo volta a aumentar com a incrivelmente cativante I See Nothing, Hear Nothing, que fará você ansiar por cantar junto com o crescente refrão de “whoa-oh-oh-oh”, não importa o quanto você tente resistir. Vale a pena notar que essa versão é ligeiramente diferente daquela apresentada no EP de Deranged e no PV, no entanto. Ela tem uma sensação menos polida, que é mais perceptível nos vocais de HIROSUKE e no final parecido com um gongo, que vê TAKAYUKI bater forte na bateria, seguido por uma nota ressonante de ATSUSHI, como uma série de pontos de exclamação no final da música.
A próxima música, Rise, vai parecer muito familiar se você já escutou Hell Rising, quase como uma música de acompanhamento. Embora seja mais longa e mais lenta, um solo empolado de ATSUSHI e os gritos de “GOOOOO!” de AKIO mantêm a música parecendo fresca e viva do começo ao fim. Yes, All Is Dark, por outro lado, vai mais longe na direção do hardcore digital; é barulhenta e brutal, com um toque futurístico. Se você gosta do seu BALZAC alto e furioso, esta é a faixa para você. Mas então eles saltam de volta para o cativante e satisfatório refrão punk cheio de “whoah-oh” em 26.
Everlasting é o mais perto que o álbum chega do alegre. É uma música de rock sincera e saltitante, e, apesar do desespero em linhas como “I can see my limitations / The end is near / I can’t gaze into your eyes”, também há uma sugestão de esperança e doçura que ecoa a faixa-título. Entretanto, justo quando seu lado suave parece estar saindo, Deranged acerta como um golpe de aríete, cheia de gritos guturais profundos. Ainda, enquanto os vocais da estrofe são histéricos e incoerentes, quando eles gritam “D.E.R.A.N.G.E.D.”, isso o incita a gritar junto, e, quando você o faz, há um poderoso sentimento de unidade cuja fórmula o BALZAC verdadeiramente dominou durante sua longa carreira. Muito poucas bandas podem tornar a escuridão tão convidativa assim. Durante o último quarto, a música alivia um pouco, e quase se transforma de volta no cativante punk rock de novo. A transição é tão suave que você mal nota que parou de bater-cabeça e começou a pular junto, ao invés, e quando ela lentamente desaparece gradualmente, parece o final perfeito.
Mas, então, uma faixa escondida te pega desprevenido e, assim que você começa a acenar a cabeça junto com ela, ela realmente já acabou. E deixa você querendo mais.
Em suma, este álbum tem algo para todo mundo. É fresco, mas tem o mesmo apelo atemporal do punk de seus trabalhos anteriores. É escuro e pesado em algumas partes, porém também incrivelmente cativante. Altamente recomendado para qualquer fã do BALZAC, e especialmente para as pessoas que não estão familiarizadas com eles que gostem de levantar seus punhos para cima e cantar junto com um punk-horror de qualidade.
Os vídeos para The Bleeding Black e I See Nothing, Hear Nothing podem ser vistos abaixo. Confira o canal oficial no Youtube para ver os PVs completos de 26, Hell Rising e Deranged.
The Bleeding Black
I See Nothing, Hear Nothing
N.R.: 1- Trocadilho do autor original do texto com os termos em inglês Bleeding (sangrento) e Blackout (escuridão), fazendo alusão às canções da banda.