Biografia

Merzbow

30/12/2009 2009-12-30 11:52:35 KoME Autor: Jerriel Tradução: Hikari

Merzbow

Merzbow


© Jenny Akita
Masami Akita nasceu em 1956 em Tóquio. Interessado em rock progressivo, free jazz e música psicodélica, ele foi baterista de várias bandas durante o ensino médio. Ele estudou arte moderna e pintura na Universidade Tamagawa e, nesse período, tocou em longas sessões de rock improvisado com seu colega de escola Kiyoshi Mizutani.

Masami Akita gravou suas primeiras fitas de música electro-acústica usando o nome Merzbow em 1979. Ele criou a gravadora Lowest Music & Arts para compartilhar suas fitas com outros artistas underground e trabalhar com eles. Essas composições foram feitas com fitas tocadas repetidamente e sons de instrumentos como guitarra e bateria, pré-gravados por Masami.

Nessa empreitada, se reuniu a ele Kiyoshi Mizutani. Nesse período, eles estavam tentando suprimir qualquer interação do corpo humano com a concepção da música, portanto estavam usando apenas fitas, sem nenhum instrumento tocado ao vivo. Entre as técnicas usadas para criar o som, podemos nomear uma chamada “ação material”, na qual vários pequenos sons são gravados com um microfone, e então amplificados e distorcidos. As fotografias vendidas com as fitas eram montagens feitas com desenhos e fotos de revistas pornográficas encontradas em caixas. Nós encontramos também uma aproximação estética com Kurt Schwitter, o Merz, uma montagem heterogênea. Com esse processo, eles estavam tentando recriar no público a mesma excitação sentida quando alguém encontra imagens pornográficas inesperadamente. Desde o início um paralelo foi traçado entre a música do Merzbow e a cultura pornográfica. De acordo com Masami, a pornografia é o lado subliminar do sexo, compulsiva e mais “natural”. Similarmente, o noise é o lado subliminar da música, procurando fazer o êxtase do som ser ouvido, longe de qualquer consideração de estrutura ou “racionalidade”.

Em 1984, Masami Akita criou sua segunda gravadora, a ZSF Produkt, planejando assinar contratos com novos artistas. Ele também a usava para seus próprios trabalhos. Foi nessa época que ele passou a ganhar reconhecimento global e gravou para diversas gravadoras ao redor do mundo, muitas vezes com a colaboração de artistas independentes.

A partir do final dos anos ’80, aos poucos ele foi deixando de lado seu ideal de fazer ser transparente a contribuição do corpo ao processo de gravação, e fez diversas turnês pelo mundo: Europa, Rússia, Coréia e Estados Unidos. As apresentações ao vivo da década seguinte foram feitas por Masami Akita e dois outros membros de sessão: Reiko Azuma na programação eletrônica e Bara nos vocais e dança. Foi também a partir de então que ele começou a creditar Abtechtonics (ou variantes desse nome) pela maior parte dos trabalhos de arte que ele criou para seus álbuns.

A partir dos anos ’90, enquanto Kiyoshi Mizutani participava esporadicamente do Merzbow, Masami começou a gravar com tecnologias digitais. Seu som ficou muito mais selvagem e intenso, com a produção de white noise (todas as frequências existentes eram transmitidas ao mesmo tempo com a mesma amplitude) para a criação da famosa “parede de som” do Merzbow, que passava um ar de tanta densidade sonora que parecia impenetrável. A maioria dos CDs daquela época usava um volume tão poderoso que as sonoridades eram excepcionalmente agressivas. A riqueza dos elementos sonoros, entre os quais estavam sons ultra e infrasônicos, e a densidade dos loops, levaram alguns CDs, como Venereology, a demonstrar uma violência impressionante. Masami também gravou com artistas como Maso Yamazaki, também conhecido como Masonna, com quem formou as bandas Bustmonster e Flying Testicle. Ele também tocou com Mike Patton, do Faith No More, usando o nome Maldoror.

Em 1990, o artista dirigiu um curta intitulado “Shitsurakuen: jôbafuku onna harakiri” (título internacional: “Lost Paradise”) para o set de “zankoku-bi: onna harakiri”, do estúdio Kinbiken, seu objetivo sendo oferecer uma aproximação menos “tradicional” do mercado de vídeos erotic-gore, crescente na época, mostrando rituais suicidas de mulheres cheios de erotismo solene. Masami, é claro, fez a trilha sonora original, incluida um ano depois no álbum Music for Bondage Perfornance.

Em 2000, a gravadora australiana Extreme fez uma operação de marketing sem precedentes na história da música distribuindo a compilação Merzbox, composta por 50 CDs, 20 dos quais eram reedições indisponíveis das fitas e LPs do primeiro período de atividades do Merzbow, e os 30 seguintes sendo gravações únicas, camisetas, pôsteres, um livro sobre as gravações, um medalhão, cartões postais, adesivos e dois CD-roms. De acordo com a brincadeira, uma estação de rádio americana amadora transmitiria, em dezembro de 2002, tudo do Merzbox sem interrupção, somando mais de 50 horas de música. A campanha teria dado origem a diversas “Maratonas Merzbow”, especialmente na França e Estados Unidos, que consistiram de Merzbow sem interrupções por dias, e até mesmo semanas.

Com a virada do milênio, Masami Akita tem usado cada vez mais o computador, em produções e processos de diferentes loops musicais. Vários de seus álbuns também foram dedicados à causa animal, como Frog, Peace for Animals e Animal Magnetism, para o qual gravou os cacarejos das galinhas que criava. Merzbeat foi dedicado ao famoso elefante marinho Minazo, do Aquário Enoshima, o último espécie macho do Japão, então ainda vivo, enquanto as duas partes do álbum Minazo eram um tipo de homenagem ao animal, que morreu em 1995. Seu tocante trabalho de arte foi assinado por Jenny Akita (esposa de Masami) e mostrava o elefante marinho brincando com seu balde. Bloody Sea foi um protesto contra a caça de baleias no Japão.

Nesse período, alguns dos álbuns conceituais do <>Merzbow foram um pouco mais suaves, como o já citado Merzbeat, cuja aproximação rítmica tem um ar “pop”, Aqua Necromancer, que usa gravações de sessões de rock progressivo, e Door Open at 8 am, feito como um tributo para o jazz.

Na metade da primeira década de 2000, ele gravou vários álbuns com a banda Boris, além de Keiji Haino, com quem criou o projeto Kikuri. Em 2008, ele gravou com o músico e autor francês Richard Pinhas, com quem fez várias apresentações na Europa.
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