Uma entrevista abrangente com o Shota do ADAMS.
JaME teve a oportunidade de encontrar o guitarrista e produtor do ADAMS, Shota, em um pequeno bar em Luxemburgo. Lá ele falou sobre seus trabalhos futuros, a responsabilidade de ser um artista e de matar o Adam.
Oi, Shota! Desde a primeira entrevista do ADAMS com o JaME há um ano e meio, muitas coisas aconteceram com a banda. Poderia resumir tudo isso em uma frase?
Shota: Wow, essa é uma pergunta difícil. Antes, quando nós ainda estávamos no Japão não esperávamos isto, mas quando entramos em contato com a cultura europeia vindo aqui e nos apresentando, nós sentimos muitas coisas inesperadas que fizeram mudanças em nossos planos – como um grande acidente. Nós experimentamos muitas coisas em um curto tempo.
Sobre seu próximo single Akisame, você disse que seria o último trabalho do ADAMS dentro do género J-rock/J-pop. Mas como você é o produtor e guitarrista da banda, não haverá sempre alguns elementos de rock em suas canções?
Shota: Bom, também foi meio que acidental. Eu tive contato com muitas culturas. No início nós já tínhamos nossos planos para o primeiro álbum, o segundo, o terceiro e por aí em adiante. Quando começamos o ADAMS, a banda tinha um sentimento de J-rock, visual kei. Especialmente na guitarra. Para o próximo álbum, nas músicas que estamos fazendo agora, eu não toco guitarra. É apenas o computador. Mas… talvez eu queira tocar guitarra. É um desafio, tá vendo? (Ele ri) É sempre como “O que é que eu posso fazer? Guitarra? Sem guitarra?” É apenas minha imaginação do que eu posso fazer, então é sempre um desafio.
Então você tinha um plano para o ADAMS, como o primeiro álbum, o segundo… Mas seu conceito é que o ADAMS nascerá em 2021. Isso é muito tempo. Você planejou realmente tudo até lá ou está espontaneamente decidindo os próximos passos que a banda tomará?
Shota: Atualmente, nós temos nosso plano para os próximos dez anos – Adam e eu decidimos de antemão. Mas, como disse, nós viemos aqui e na Europa nós vimos, nos conectamos e sentimos bastante, então tudo se alterou um pouco. Mas no geral, nós temos um plano para estes dez anos, sim.
Por favor, nos fale mais sobre Akisame.
Shota: O som de Akisame é como uma continuação de Boku no Sei e Seseragi. É uma canção triste de amor. Eu criei a música há três ou quatro anos, mas Adam escreveu a letra apenas recentemente, então ela é muito nova.
Existem alguns temas que você gostaria de explorar em seus lançamentos futuros?
Shota: Bom, nosso som mudou, mas a mensagem se mantém inalterada. Nós cantamos sobre o amor, sempre.
O lema de vocês é “"Revolucionário. Original. Atemporal.", mas não se torna difícil ser “revolucionário” a toda a hora, com todas os novos lançamentos, PVs e eventos?
Shota: Eu não penso que seja difícil. Porque Adam e eu nem sempre gostamos de ter o mesmo jeito, soando o mesmo, dizendo as mesmas coisas. Nós somos uma banda bacana de rock japonês, sempre. Isso significa que se da próxima vez – por exemplo – nós gostássemos de fazer enka… nossa carreira estaria acabada. (Todo mundo ri) Mas falando sério, se eu não posso fazer a música que eu quero, isso significa que nossa carreira acabou. Nós sempre queremos mudar algo. E nós fazemos isso. Perfeitamente. É a nossa convicção.
Enka… sério?
Shota: Enka ou … algo. Quer dizer, se eu dissesse ao Adam “Para o próximo álbum, nós faremos assim!” e o Adam disser “Eu não gosto disso”, isso também significa que nossa carreira acabou.
Então, próxima pergunta. Comparando sua primeira turnê europeia em 2013 com sua segunda turnê esse ano, a performance do ADAMS parece ser mais relaxada e espontânea. Como as experiências da primeira turnê influenciaram a segunda?
Shota: Bom, eu não acho que tenha havido grandes mudanças entre a primeira e a segunda turnê. Claro que mudamos o repertório, por causa do novo álbum. Nós também não queríamos tocar a mesma set list em todos os shows – seria chato – então nós mudamos. É verdade que essa turnê foi mais relaxada. Não decidimos todos os pequenos detalhes desta vez. Está bem assim para essa turnê, eu pensei. Na primeira vez na Europa nós apenas tocamos quatro shows e não sabíamos o que poderíamos fazer ainda. Então diminuímos. Mas desta vez foi uma turnê longa; havia tantas datas, por isso queríamos progredir desde o primeiro show até o final da turnê. Portanto, pudemos usar nossas experiências da nossa primeira turnê, mas também pudemos aprender mais durante os shows nesse ano. Como, em relação à nossa primeira turnê, se nós tivéssemos tocado – por exemplo – Boku no Sei e ninguém tivesse gostado, nós mudaríamos o repertório. Nós também consideramos quando tocar uma canção como Boku no Sei – no começo, no meio ou no fim – qual é o melhor? Como podemos criar o melhor estado de espírito? Algo assim.
Alguma coisa importante ocorreu durante sua segunda turnê europeia?
Shota: Sim.
O que foi?
Shota: Bom, para mim é o drama humano. Foi uma turnê longa. Então por vezes aconteceram brigas, também na equipe como “Não posso trabalhar mais com ele!” (Ele ri) Mas finalmente houve um fim feliz e todo mundo ficou bem. A equipe se tornou mais forte do que antes.
Então, em contraste a isso pode nos contar uma história engraçada?
Shota: Eu não me lembro onde, mas eu estava quase removendo as roupas de Adam. Mas não pude. (Ele ri) Essa camisa! Ele normalmente usa uma camisa e meu divertimento é desabotoá-la, mas o Adam colocou uma camisa e eu estava tipo: "Huh?!"
Foi em Munique, eu vi isso!
Shota: Oh, certo! Ele estava com um casaco vermelho e uma camisa com uma caveira e ela ficou presa.
Também me recordo durante seu show em Berlim, você quebrou o playback quando despiu o Adam e atirou sua camisa em seu iPhone.
Shota: Ah, sim, sim! (Ele ri) Eu aprendi: geralmente um iPhone ou algo ficam bem com roupas sobre eles, mas se as roupas estão suadas, elas reagem a ele. Eu não sabia disso.
Qual foi o maior desafio nessa turnê?
Shota: Bom, tantos shows! Esse foi meu desafio. Também a Rússia, claro.
Então, Rússia … foi algo sobre o show, o que você poderia fazer ou o quão longe você pode ir?
Shota: Na Rússia foi muito bom, a audiência foi super bacana. Mas antes que o show pudesse começar tivemos muito estresse. Porque nós não podíamos vender nosso merchandise e também houve problemas com os bilhetes. Tivemos que promover o show como 18+, por causa da lei, mas nosso promotor russo não seguiu as regras e também vendeu os bilhetes para menores. Então, tinham jovens no show. Portanto, o promotor veio ao camarim e verificou a cabine do merchandise de antemão. E você conhece a capa do SIXNINE, mostra nudez … então nos disseram “Não podem vender isso!” – mas como? Também você sabe sobre a capa do Bittersweet, nós nos beijamos e isso. O promotor disse “Isso – absolutamente não!” Nós tivemos que remover esse single do merchandise, mas não podíamos fazer isso com o novo álbum SIXNINE. No final, pusemos autocolantes 18+ em tudo e tivemos que verificar o passaporte de cada cliente, então demorou muito.
Preocupado com o show, eu não pude interagir muito com o Adam, e nós tivemos que nos focar muito na parte musical da performance. Isso foi porque nós não sabíamos se o local seria revistada por oficiais ou não. Embora o show tenha sido muito bom, foi algo muito novo para nós que não pudemos dar uma performance muito ADAMS. Eu apenas toquei realmente guitarra, foi quase como só música, música, música. Mas o público … todos os fãs foram super bacanas. E finalmente nós fomos convidados para voltar no próximo ano.
Vocês irão para a América do Sul em novembro deste ano. Foi o sonho de vocês por muito tempo, certo? Como se sentem por se apresentar na América do Sul pela primeira vez? O que é que seus EVES podem esperar do ADAMS?
Shota: Nós ainda não conhecemos o público porque é nossa primeira vez lá. Então, talvez seja uma performance como na nossa primeira turnê europeia. Eu quero mostrar a eles que o “ADAMS é assim!”. Então, talvez possa ser uma performance bastante forte, um pouco chocante. (Aqui a manager Aurélie lembra para ter cuidado porque como o show do ADAMS será na convenção J'Fest, muitos adolescentes estarão presentes) Ah, sim, se nós fossemos fazer uma apresentação super-forte no primeiro dia, talvez nos digam “Por favor, parem” , então provavelmente teríamos apenas um show. Isso significa que teremos que ser profissionais. (risos) Teremos que ter cuidado, porque talvez crianças estejam presentes; talvez não haja uma performance super-forte no fim das contas. Mas nós já tivemos shows em convenções, por isso sabemos o que estamos fazendo.
Em nossa primeira entrevista, você disse que gostaria de tocar ao vivo em Nova Iorque. E quanto a esse sonho?
Shota: Eu ainda quero ir a Nova Iorque.
Agora?
Shota: Não. Um dia, não muito distante no futuro, eu quero ir lá.
Em sua turnê em março e abril de 2014 seus fãs experimentaram como o ADAMS é acessível. Vocês sempre batem na tecla de como querem que seus EVES enlouqueçam e se aproximem de vocês, mas onde é que traçam a linha que os fãs não devem atravessar? Onde é o limite?
Shota: Isso significa distância, né? Eu penso que entre os fãs do ADAMS não há meninas más, apenas meninas muito boas. Elas têm boas maneiras, certo? Quero dizer, talvez 98%. Mas eu penso: sem limite. Não tem mal porque eu por vezes também sou fã. Eu tenho muitos artistas favoritos. Ás vezes eu envio email a eles como “Sou seu fã! Sou tão super fã!!” É uma coisa muito natural, acho, então não há problema. NÓS deveríamos nos preocupar. Os fãs não deveriam se preocupar, tudo bem. O artista deve se preocupar com isso – eles são responsáveis – após o show, é uma questão privada e isso é uma coisa ruim, eu acho. Porque é tudo sobre o mundo do ADAMS. Mas se dissermos aos nossos fãs “ Por favor, não nos contatem. Por favor, não nos enviem mensagens pessoais” e esse tipo de coisas, seria super chato. Porque nós somos músicos, somos artistas. Nós vendemos sonhos.
Falando de sonhos, seu cover de Sweet Dreams do Eurythmics ficou muito popular durante a turnê europeia. Estão planejando lançá-la em CD no futuro? Querem fazer mais covers como esse?
Shota: Eu penso que faremos alguns novos covers. Agora, porém, não temos absolutamente nenhum plano sobre isso. Ainda assim, eu quero fazer uma outro cover como a Sweet Dreams, mas nós não fizemos um CD dessa música.
Não definitivamente ou ainda não? Talvez a lancem em CD mais tarde, ou nunca?
Shota: Nunca. Mas essa canção nos ajudou muito nessa turnê. Por exemplo, quando um cliente como uma grande convenção nos contata pela primeira vez, ele ainda não nos conhece ou nossas canções. Mas se lhe enviarmos a Sweet Dreams, ele passa a nos conhecer melhor. Então, esse é uma cover muito importante para nós.
Para promoção, vocês também filmaram um PV em muitos lugares diferentes com vários conceitos. Qual foi o maior desafio? Qual foi o PV mais interessante de filmar?
Shota: Sempre que filmamos um vídeo promocional ficamos muito animados. O mais difícil foi o Boku no Sei. Foi bastante difícil, porque estava muito frio na rua.
Na White Caress também estava frio!
Shota: Na White Caress, também, sim. Eu detesto frio! Para Boku no Sei vestimos muita roupa e quando tínhamos um take e estava muito frio, eu estava tipo “katakatakatakata” (Ele simula os dentes batendo de frio). Foi super difícil e quando eu toquei guitarra acústica, quase congelei, foi tão difícil!
Sobre o Adam e eu, quando tivemos que filmar o primeiro plano e as cenas mais íntimas durante o Dizzy Love ... quando o Adam e eu estávamos muito chegados, ficamos um pouco tímidos por causa da situação de sermos filmados. E sobre essa sessão fotográfica (ele aponta para uma cópia da revista FeelJapan, que contém uma foto promocional da capa do Dizzy Love) … nesse tempo, ele estava rindo! E eu estava rindo também! Então nos disseram “Hey, não riam!” Mas agora é mais fácil para nós fazermos isso, mas eu não quero voltar a filmar PVs do lado de fora nunca mais!
Qual é o seu PV favorito?
Shota: Boku no Sei – porque foi tão difícil! E, bem, é estranho, mas eu gosto da canção.
Com exceção de tudo o que esta relacionado com a música, o que é mais importante para você na vida?
Shota: A.M.O.R.!
Imagine que você é um EVE por um dia. O que gostaria de dizer para o ADAMS?
Shota: “Eu acho vocês muito bacanas! Por que vocês são tão bacanas?! Por que são tão estilosos?! Por que são tão bons na música? Essa fotografia também é tão legal! É tão revolucionário! Eu amo vocês!”
Aurélie: Pare de matar esse vocalista!
Por que o Adam teve que morrer tantas vezes?
Shota: Na verdade, eu não sei mesmo! Toda a vez que ele morre – por quê? Eu não sei. Talvez ele seja muito fraco? Eu não sei porquê. No próximo PV, vou tentar não matá-lo!
Muito obrigada por essa entrevista interessante! Finalmente, você poderia por favor deixar uma mensagem para os nossos leitores?
Shota: Obrigado por lerem o JaME e obrigado por nos apoiarem. Tentaremos fazer boa música e coisas incríveis daqui em diante também. Esperamos que gostem de nossa música.
OA JaME gostaria de agradecer ao Shota, à Aurélie e ao Mono por tornarem essa entrevista possível.