Entrevista

Entrevista com Crash

25/05/2009 2009-05-25 03:01:00 KoME Autor: Equipe do KoME Tradução: Simi, Cherry, manyakumi & Pan

Entrevista com Crash

A banda de heavy metal Crash fala sobre o início do grupo, o poder emocional da música e qual papel o heavy metal tem na Coreia.


© Crash
Vocês poderiam se apresentar para os nossos leitores?

AHHN: Nós somos uma banda de heavy metal da Coréia. Nós seguimos o estilo de metal pesado, rápido, poderoso e simples, nós tocamos e expressamos o que queremos.

Como vocês se conheceram e formaram a banda? De onde veio o nome Crash?

AHHN: Hm... Essa é uma velha história. Eu gostava de heavy metal mais do que qualquer coisa. Naquela época, a Coréia do Sul estava cheia de bandas fazendo música baseada em grupos como Mötley Crüe, Ratt, etc. Essa foi provavelmente a época que a sociedade mudou. Os membros e eu nos conhecemos no final dos anos 80 enquanto estávamos ganhando experiência musical... Como uma academia? Nós conversamos sobre a nossa vida e formamos a banda. Nossa primeira música cover foi Leper Messiah do Metallica.

Enquanto procurávamos por uma palavra e o significado para última fronteira, nós escolhemos o sinônimo não-substantivo CRASH. Não é momento antes, nem o processo, mas o momento imediato. Porque nós sempre quisemos “expressar” essa fronteira, nós decidimos usar o nome CRASH, que ainda carrega esse significado.

Por que vocês decidiram se tornar músicos?

AHHN: Eu acho que nada é tão deplorável como uma vida na qual você não pode se expressar. Pela necessidade de romper essa barreira, eu escolhi a música. E não há nada que absorva mais do que música. O mais fascinante sobre a música é que você pode se expressar de diversas maneiras, mais do que através de qualquer outro meio. Uma foto é unidimensional e uma escultura é tri-dimensional. Mas a música (ao vivo) pode ser ouvida, pode ser vista e de acordo com a intenção de cada pessoa causa reações ilimitadas. De todos os gêneros existentes atualmente, o heavy metal exibe e absorve isso da melhor forma. Por isso nós escolhemos o heavy metal dentre todos os numerosos gêneros musicais.

Du-Byung: Eu gosto de riffs de guitarra brutos acima de tudo, e o fato de poder fazer o que eu quisesse.

Jae Yong: As emoções na música podem ser expressas de qualquer forma. Eu queria expressar as emoções da minha música.

Yong Uk: Eu ouvia Slayer e Metallica e estava viciado.

Thrash Metal normalmente é visto como um gênero musical americano, com bandas como Slayer, Sepultura e Anthrax sendo alguns de seus precursores. Vocês tentam trazer um pouco da influência coreana para sua música? Se sim, como vocês fazem isso? Se não, por quê?

AHHN: Isso é ultrapassado. Bandas coreanas realmente têm que fazer isso?

Du-Byung: Hoje em dia nós não nos esforçamos muito para isso. Mesmo que nós não tentemos colocar um sentimento coreano na música, ainda é legal que isso aconteça naturalmente.

Yong Uk: No passado nós tentávamos fazer isso frequentemente. Eu acredito que há vários elementos coreanos que combinem com elementos de thrash metal.

Vocês escrevem suas letras tanto em inglês, quanto em coreano. Por que vocês escolheram fazer isso? Vocês querem ter mais apelo para o público internacional?

AHHN: O especial sobre a língua coreana é que você precisa de muito fôlego e não é que a voz soe forte, mas sim dura e apática. Eu acho que a vantagem de usar inglês na música é que você pode alcançar mais pessoas. 70-80% de todas as músicas são em inglês. É claro que queremos ser capazes de alcançar os nossos fãs com mais frequência.

Du-Byung: Nós somos uma banda de thrash metal. É claro que queremos nos comunicar melhor com nossos fãs estrangeiros.

Existe alguma mensagem em particular que vocês queiram transmitir através de sua música? Vocês acham que música é um bom meio de comunicação?

AHHN: Várias pessoas estão vivendo suas vidas sendo arrastadas por sua família, organizações e sociedade em que se encontram, ao invés de viverem por si só. Eles estarão satisfeitos com a vida que viveram quando olharem para trás algum dia?

É claro que eu não quero ignorar todo o valor que eles têm. Mas... Eu só quero deixá-los sentir sua liberdade durante aqueles momentos em que escutam nossa música e quero que eles sintam simpatia pelas suas vidas verdadeiras.

E eu não falo japonês, mas eu posso me comunicar com músicos japoneses através da música... Faz sentido, certo?

Jae Yong: É claro que a música é um bom meio de comunicação. Eu acho que é possível enviar mensagens não apenas pelas letras, mas por shows também.

Yong Uk: Na minha opinião nós estamos tentando enviar mensagens que não são ditas pela música mainstream, e que contém um significado mais profundo. Eu acredito que não há um meio de comunicação melhor do que a música.

Existe alguma banda coreana em particular que vocês gostem ou admirem?

AHHN: ASIANA.

Du-Byung: gumX, Baekdusan.

Jae Yong: Sinawae.

Yong Uk: Nenhuma no momento.

Vocês tiveram a oportunidade de abrir o show de várias bandas de rock internacionais na Coréia. Quais foram os destaques para vocês?

AHHN: Nós nos apresentamos junto com a banda inglesa Bush. Foi há muito tempo atrás e com uma banda de um estilo totalmente diferente. Mas através disso, eu tive uma nova opinião sobre a indústria musical e o público.

Eu sempre me lembro mais dos fracassos do que dos sucessos, porque eu não quero cometer o mesmo erro duas vezes.

Jae Yong: Testament. Claro que é uma banda que eu gosto, mas a energia que aqueles caras irradiavam e o próprio show quase me deixaram arrepiado.

Yong Uk: THE MAD CAPSULE MARKETS, Testament.

Qual a sua parte preferida de fazer uma turnê? O que as pessoas podem esperar de um show ao vivo do Crash?

AHHN: Os momentos que o público está nos ouvindo, reagindo conforme o ritmo e aproveitando nossa música. O sentimento de respirar o mesmo ar e dividir a mesma energia em um lugar apertado.

Uma característica dos nossos shows é que nós não tocamos um som solto, mas um bem apertado. Você precisa usar a energia que não é capaz de suportar.

Du-Byung: Antes das apresentações eu me sinto como antes de viajar. No palco, é como andar de montanha-russa. A audiência é sempre muito agitada e não há nada além de headbangers.

Jae Yong: É a harmonia entre os fãs. É simplesmente indescritível quando as pessoas abrem uma roda.

Yong Uk: É interessante experimentar a situação reversa quando vou em um show.

Seu último álbum foi lançado em 2003, há planos de lançar um novo?

AHNN: Atualmente, nós estamos na última fase de gravação de nosso novo álbum. Nós estamos apresentando alguns riffs “mais novos”. Nós produzimos o álbum com nossa formação inicial e é nosso objetivo lançá-lo antes do verão coreano. Por isso começamos a gravar logo.

Claro que é heavy metal rápido e poderoso!!

Qual a sua opinião sobre videoclipes? Vocês têm planos de fazer algum no futuro?

AHHN: Videoclipes são um meio muito importante no século 21. O problema é que o equilíbrio entre o consumo e a produção na Coréia não é tão bom. Por isso várias bandas sofrem com o dilema de produzir um clipe. Comparado com as despesas o efeito é muito pequeno. Mas se por acaso você quiser ser conhecido no exterior, você precisa ter um.

Mas eu gostaria de gravar ao menos dois ou mais videoclipes para o nosso novo álbum.

Vocês acham que sua música mudou ou evoluiu desde seu último álbum, Endless Supply of Pain? Se sim, isso foi um progresso natural ou vocês fizeram uma escolha consciente de fazer essas mudanças?

AHHN: Eu acredito que a evolução e os resultados sejam naturais. Ao longo do tempo, nós evoluímos. Nossas necessidades e opiniões vão estar sempre mudando e sempre existirão em nossa música, refletidas nela naturalmente. Essa mudança irá continuar, eu acho.

Sempre haverá pessoas que gostam ou desgostam de um novo álbum que é diferente dos anteriores. Somos apenas caras que tentam ser diferentes de ontem e de coisas distantes.

Jae Yong: Isso é natural. Nós estamos fazendo heavy metal, mas a música que queremos expressar não tem limites. Nós queremos expandir nossa música mais e mais e somente fazer música no estilo Crash.

Vocês trabalharam com Colin Richardson, que também produziu música para bandas como Cradle of Filth, Slipknot e Sepultura, em vários de seus álbuns. Como vocês acabaram trabalhando com ele? Que impacto (se houve) ele teve em sua música?

AHHN: Para mim ele foi um bom modelo porque eu aprendi algo sobre o papel de um produtor. Durante a produção do álbum que nós fizemos juntos, ele era como outro membro da banda, e por causa disso nós tentamos vários processos com vários resultados. Ele é uma boa pessoa que me entendeu o máximo possível.

Jae Yong: Colin é um produtor com o qual um músico se sente confortável. Nós tivemos bons shows e gravações.

Yong Uk: Por ele ser um produtor que se apega ao metal, foi uma grande experiência para o Crash.

AHHN, você trabalhou com a banda Seo Taiji & Boys na faixa Gyosil Idea, que encontrou grande controvérsia na época devido a seu tema. Você esperava essa reação dos críticos? Se você lançasse uma música similar hoje em dia você acha que a reação seria diferente?

AHHN: Trabalhar com um ídolo foi algo novo e interessante. O tema em si não era o problema, eu acho, mas sim o fato de um ídolo o ter escolhido. Se não tivesse sido um ídolo, mas sim alguém aleatório, provavelmente não teria tido uma reação tão grande.

Essa é a parte doente da cultura coreana.

Vários artistas, até mesmo bandas pop, estão tendo suas músicas censuradas na Coréia no momento. O que vocês pensam sobre a censura musical?

AHHN: Na verdade, nós não temos problemas com a censura. Isso existe para proteger o patrimônio nacional emocional ou algo assim. Existem, no entanto, diferentes opiniões, mas eu não quero ignorar os esforços das gerações mais antigas para preservar as partes conservadoras de nossa cultura.

Mas eu acho que o propósito e o critério para as censuras não são mais sobre as emoções nacionais ou mesmo culturais, mas decididas por questões políticas ou outras coisas que nós nunca conseguimos aceitar. É realmente estúpido.

Quando você compreender a tirania das grandes empresas e que o governo e essas empresas são contra a liberdade de expressão e de cultura, então você começará a respeitar todos os músicos coreanos, com certeza.

Isso que eu chamo de uma democracia aleijada. Eu penso na Coréia como um país no qual a proporção do socialismo e democracia é 7:3. Claro que aqueles contrários a liberdade de expressão são doentes.

Du-Byung: Eles são doentes.

Jae Yong: Eles são doentes.

Yong Uk: Eles são doentes.

Em geral, qual é a reação da audiência coreana à sua música? Como é a cena metal na Coréia?

AHHN: Seja quem for que goste da nossa música é respeitado por nós e nós os respeitamos também. A mensagem que nossa música contém é que nós e nossos fãs respeitamos uns aos outros. A meu ver, a relação entre fãs e músicos, que estão fazendo música de verdade, é a mesma em todos os lugares do mundo.

Du-Byung: Nossos fãs estão sempre ativos e são muito apaixonados. A cena metal coreana não está muito bem, mas o apóio dos fãs nos permite estar no palco.

Jae Yong: Tocar heavy metal na Coréia é muito difícil. A imagem do heavy metal como nada mais do que música barulhenta ainda existe.

Yong Uk: Os fãs coreanos são os melhores e o fato da cena metal não ser capaz de apoiar seus fãs é realmente uma pena.

Várias bandas que nós entrevistamos antes tinham uma visão negativa da cena musical coreana como um todo. Qual é a opinião de vocês sobre a atual cena musical coreana? Vocês compartilham essa visão negativa?

AHHN: Hahaha... Sempre há esperança. Nós esperamos que as pessoas que tiveram uma opinião negativa não se esqueçam disso, se elas tiverem trabalhado no mercado musical por um tempo. O presente está sempre cheio de insatisfação. Tudo tem seu lado negativo. Mas o problema é apenas que eles não conseguiram ver o outro lado. A mídia discute sobre ídolos muito mais do que a música das bandas. Você irá entender facilmente se puder entender a diferença entre uma vida ideal e a vida real.

Jae Yong: Não há praticamente ninguém na Coréia que compre álbuns. Na verdade, há cada vez mais casos de pessoas sendo tratadas como idiotas quando elas vão comprar um álbum. O download de MP3 é o motivo para essa mudança. Em minha opinião, existem muito poucos músicos felizes com essa situação.

Yong Uk: No momento a visão é negativa, mas não é um exagero dizer que um final para isso está próximo.

A Internet tem um grande papel na cena musical internacional moderna. Como vocês acham que a Internet afetou o Crash, e vocês acham que ela terá um papel ainda maior no futuro?

AHHN: A Internet influenciou todo mundo. Não apenas na música, mas em tudo. É só o começo.

A Internet ainda não é usada de forma séria para promoção da banda. No futuro, eu quero promover a banda através de diferentes meios. Eu vejo a conexão entre o aspecto tecnológico da humanidade e o aspecto cultural da humanidade como uma nova possibilidade de estar sempre no palco. Se isso acontecer, nós seremos ainda mais influenciados por ela.

Vocês tem algum plano de tocar no exterior no futuro? Existe algum lugar que vocês particularmente queiram tocar?

AHHN: Há várias idéias que nós estamos pensando no momento, e várias idéias que ainda estão evoluindo. Um dos países é o Japão, no qual nós temos uma relação em andamento, porém há vários obstáculos, na verdade. Em novembro do ano passado, nós fizemos um show no Japão. Haverá mais apresentações, provavelmente.

Onde nós gostaríamos de nos apresentar? Brixton Academy!

Yong Uk: Apesar de nós termos muitos planos, não há nada certo ainda. No Japão e depois na Europa, América e sudeste da Ásia são os lugares que eu gostaria de me apresentar.

Vocês tem alguma mensagem para os leitores do KoME?

AHHN: Nós somos uma banda de heavy metal de um país bem pequeno chamado Coréia. Eu só queria dizer: “Tentem ouvir a nossa música!”. Há algo mais para ser dito?

Du-Byung: Muito obrigado por terem lido essa entrevista. Sempre se lembrem da banda de heavy metal CRASH. Nossa música fará você bater cabeça com certeza.

Yong Uk: Quando você estiver escutando o novo álbum do CRASH, você irá ouvir thrash metal de verdade do leste. Hehehe.
ANúNCIO

Artistas relacionados

ANúNCIO