Entrevista com o Church of Misery

Nessa entrevista pré-turnê, o guitarrista do Church of Misery, Tom Satan, respondeu às nossas perguntas sobre a incomum escolha dos temas para a banda, sua popularidade no Japão e, naturalmente, sobre sua turnê européia em março e abril. Além disso, nós descobrimos que Tom gosta de bandas doom finlandesas.


Como vocês chegaram ao tema serial killer para a banda? Esse tema traz inspiração constante ou mantê-lo também traz seus próprios desafios?

Tom Satan: Basicamente, quando Tatsu começou a banda, ele sentiu que o tema serial killer combinava perfeitamente com a música. O tema e as faixas têm uma vibração semelhante. Isso pode ser uma inspiração porque, quando você começa a procurar frases de serial killers, as letras saem naturalmente. A coisa começou a parecer potencialmente problemática quando nós estávamos ficando sem material para as músicas, mas Tatsu encontrou, por acaso, muita coisa, e agora nós temos material para mais alguns álbuns.

Já que vocês se dedicam a serial killers, quão profundamente vocês pesquisam a história de cada criminoso, ou vocês usam apenas a atmosfera geral do caso? Como começam suas músicas?

Tom Satan: Nós lemos muito sobre cada assassino. Quer dizer, o Tatsu gosta disso, então ele sabe muito de qualquer forma. As músicas sempre começam com alguns riffs que combinam. O riff é o começo e o fim, na verdade. Tatsu fica na casa dele brincando com sua guitarra de viagem em formato de elefante rosa, e acaba criando ótimas músicas. O serial killer é escolhido depois, e as letras por último.

O metal é popular na Europa, mas como é no Japão? Que tipo de recepção sua música recebe em seu país de origem?

Tom Satan: O metal no geral é bem grande aqui. Qualquer coisa com guitarras gêmeas épicas é grande. Porém, não há um número grande de bandas locais que tenham muito impacto fora do Japão. Nós temos um bom público aqui, mas não é necessariamente um público doom. Nós tocamos com várias bandas diferentes, de thrash a hardcore, e dirty rock ‘n’ roll. Isso resulta em shows energéticos.

Negishi voltou ao Church of Misery após um longo período afastado. Parece que ele se divertiu muito em sua última turnê, na qual entrou no lugar de Hideki, que havia acabado de deixar a banda.

Tom Satan: Sim, eu estou muito feliz por Negishi estar de volta à banda definitivamente. Ele foi ótimo naquela turnê, e eu estava torcendo para que ele voltasse de uma vez por todas. O que fez isso demorar tanto foi que Tatsu e Junji tinham alguns problemas com ele, por ele ter deixado a banda antes, e Negishi tinha problemas com coisas como cantar em inglês, mas ele conversou com os dois e eles resolveram tudo. É uma ótima formação com ele nos vocais. Ele é um dos artistas mais dedicados que eu conheço. Essa turnê será incrível.

Seu estilo musical costuma ser comparado ao Black Sabbath. O que você acha dessa comparação? Há outras bandas que os influenciaram?

Tom Satan: Bem, é de propósito, então as pessoas podem nos comparar ao Sabbath o quanto quiserem. O Black Sabbath é tudo para nós. Eles são o ar que nós respiramos. Porém, isso não significa que eles sejam nossa única influência. Nós todos somos influenciados por hard rock dos anos ’70, metal e hardcore. Tatsu gosta muito do Novembre, da Suécia, e de kraut rock. Na verdade, ele diz que o Novembre é tão importante para ele quanto o Sabbath. Negishi adora hardcore japonês. Junji adora blues. Eu adoro doom tradicional e metal em geral. Nós ouvimos muita coisa, com certeza, uma grande variedade de estilos.

Seu álbum mais recente, Houses of the Unholy, foi atrasado porque vocês o regravaram. O que aconteceu?

Tom Satan: Na primeira vez, nós gravamos no estúdio em Den Haag, que é do Guy, do Orange Sunshine. Nós tínhamos escutado ótimas gravações de lá. Você sabe, o som genuinamente sujo do final dos anos ’60 e começo dos ’70. Bem, resumindo, o álbum acabou soando horrível, então nós tivemos que fazer de novo. Nós não trabalhamos com um engenheiro que não era com quem deveríamos trabalhar, a fita se estragava o tempo todo e o baixo estava fora do tom durante toda a gravação porque o baixo de Tatsu estava errado e ele não notou. É isso o que acontece quando vocês derrubam instrumentos escada abaixo, pessoal. Enfim, nós decidimos fazer isso com o engenheiro e estúdio em que fizemos a maior parte das gravações do Church. Tudo correu bem, e o novo álbum ficou muito bom.

Musicalmente, vocês são muito versáteis, e suas músicas já foram consideradas também animadas e de espírito rock. Mas, na sua opinião, quais músicas funcionam melhor no palco? Você tem alguma música favorita para tocar ao vivo?

Tom Satan: Sim, o que você diz é verdade. Nós somos tanto uma banda rock quanto doom. Há muito de Stooges, MC5 etc. no que fazemos. Fazer shows é o que nós mais gostamos, e nós decidimos rapidamente quais músicas funcionam melhor ao vivo. É uma experiência cansativa. Minhas favoritas são I, Motherfucker, Where Evil Dwells, Killfornia, Shotgun Boogie, Red Ripper Blues e Spahn Ranch.

Vocês costumam fazer turnês na Europa frequentemente, então já devem ter se acostumado com o público metaleiro. Que tipo de sentimento você tem com relação a esta nova turnê? Você tem alguma expectativa especial pela Finlândia e pelos shows na Finlândia?

Tom Satan: Na verdade, o público japonês não é tão reservado quanto as pessoas pensam. Eles podem ter sido antes, mas agora agitam como em qualquer outro lugar, exceto pelo fato de eles ficarem quietos entre uma música e outra. Sim, nós mal podemos esperar para começar a turnê. Nós vivemos para fazer shows, então estamos muito animados. Essa vai ser nossa turnê mais longa até agora. Pessoalmente, é ótimo finalmente poder tocar na Finlândia, porque o grande Reverend Bizarre é uma das minhas bandas favoritas. Na verdade, eu diria que eles foram a melhor banda dos anos 2000. Eu também gosto muito do Minotauri, e tocar no lugar de onde eles todos vêm será muito excitante. A finlândia tem alguns grandes artistas, com certeza.

Você tem algum último comentário para nossos leitores?

Tom Satan: Nós mal podemos esperar para vê-los. Vamos agitar todas as noites, então estejam prontos para dançar. He he! Que haja doom!


O JaME gostaria de agradecer ao Church of Misery e a Esa, da Blow Up That Gramophone, por possibilitarem essa entrevista.Ê