Especial

Do mangá para a música: A jornada de NANA

02/02/2011 2011-02-02 03:48:00 KoME Autor: Meg Tradução: Nana

Do mangá para a música: A jornada de NANA

Depois de onze anos em circulação, o JaME revisa a história do mangá baseado em música: NANA.


© JaME
Muito parecida com a mania “Harry Potter” começada por J.K. Rowling, é duvidoso que quando Ai Yazawa lançou seu mangá “NANA” ao publico japonês, ela tivesse idéia que logo todo o mundo direcionaria a sua atenção para a sua arte.

Com o primeiro volume nas prateleiras de todo o país em 2000, “NANA” logo se tornou um nome comum não só no Japão, mas no público familiarizado com mangá por todo o mundo. Com uma série de 21 volumes agora disponíveis em cinco línguas e ainda em andamento, está na hora de celebrar o sucesso de “NANA” ao entrar no seu décimo primeiro ano.

NANA: O Mangá


O enredo de “NANA” gira em torno da vida de duas garotas, ambas chamadas Nana, que se encontram coincidentemente em um trem para Tókio. As duas garotas representam ambos os lados claros e obscuros da vida, provenientes de contextos completamente diferentes.

Nana Oosaki veio de um lar desfeito, criada por sua avó. Ela namorava um garoto chamado Ren Honjo no ensino médio e era famosa no cenário musical de sua cidade natal. A dupla era da banda de rock BLACK STONES, também conhecida como BLAST, com Nana nos vocais principais e Ren no baixo. Apesar da popularidade da banda em sua cidade natal, Ren deixou a banda e foi para Tókio, se juntando ao TRAPNEST, uma banda em ascensão. Ficando para trás, Nana continuou por sua conta até seus 20 anos, quando decidiu ir para Tókio continuar sua carreira musical, recomeçando a banda BLACK STONES com a ajuda de alguns velhos amigos.

Nana Komatsu é uma menina simpática de uma cidade pequena. Ao crescer, ela estava cercada de amigos e de uma família acolhedora, mas constantemente dependente de outras pessoas. Ela se apaixona facilmente e teve uma série de namorados em sua adolescência. No final deste período, seus amigos e seu atual namorado entraram em uma faculdade em Tókio, deixando Nana sozinha com sua família. Determinada a começar sua própria vida, Nana começou a trabalhar e a guardar dinheiro, decidindo que preferia estar em Tókio com seu namorado. Com 20 anos, ela escolheu uma noite de neve para iniciar a sua jornada.

Sentadas lado a lado em um trem para Tókio, as duas garotas ficam surpresas não apenas por descobrirem que possuem a mesma idade, mas também o primeiro nome. Seguindo caminhos separados quando o trem chega ao seu destino, as duas se reencontram no apartamento 707 ("nana" significa 7 em japonês), onde concordam em ser colegas de quarto.

Durante o resto da história, as garotas experimentam os altos e baixos da amizade. Do relacionamento feliz à desilusão amorosa, da fama musical aos sonhos destruídos; as duas parecem destinadas a crescerem juntas nesta história moderna que pode estar relacionada a todos os passos da vida.

O mangá de “NANA” foi escrito e ilustrado por Ai Yazawa. Começou na revista de mangá shoujo, Cookie, publicada pela Shueisha, onde foi lançado por capítulos desde 2000 até junho 2009. O primeiro volume da série foi lançado pela Shueisha em 15 de maio de 2000, com os 20 volumes restantes lançados de 2 a 3 por ano.

“NANA” fez sua primeira estréia estrangeira em 2005 quando o mangá foi licenciado pela empresa norte americana Viz Media. Esta seguiu o padrão japonês de distribuição, primeiro sendo lançado na revista da empresa, Shojo Beat. Logo começaram a lançar os volumes encadernados, com a primeira publicação em inglês em 6 de dezembro do mesmo ano. Mais tarde seguiu para a Europa, começando na Alemanha pela Egmont Manga & Anime.
Em 2008, após obter a permissão de lançar os títulos de mangás da Viz Media, a empresa australiana Madman Entertainment começou a lançar “NANA”, seguida pela Editions Delcourt na França e na Itália pela Panini Comics.

Durante os anos, a popularidade da série fala por si mesma. Em 2002, “NANA” ganhou o prêmio Shogakukan Publishing para mangás shoujo. Em 2005, a série vendeu 2.300.000 cópias por volume. Com o volume 15 alcançando 34.500.000 cópias no mundo, "NANA" se tornou o quarto mangá shoujo mais vendido no mundo. Em 2007, a Young Adult Library Services Association listou os dois primeiros volumes de “NANA” na sua lista anual de grandes romances gráficos para adolescentes. Mesmo hoje, o mangá pode ser adquirido nas livrarias diariamente por todo o mundo.

NANA: do Papel para as Telas


Com cinco anos de popularidade, “NANA” foi adaptado para os telões e estreou nos cinemas do Japão em 3 de setembro de 2005. Dirigido por Kentaro Otani, o filme se manteve fiel as raízes musicais do mangá, com uma trilha sonora rica e uma sequência de “shows”. O elenco principal incluiu músicos, como Mika Nakashima interpretando Nana Oosaki, e Yuna Ito no papel de Reira Serizawa.

O filme fez incrível sucesso nos cinemas japoneses, vendendo mais 300 milhões de ingressos, arrecadando mais de quarto bilhões de ienes e ficando no top-10 dos cinemas por semanas. Posteriormente também ganhou diversos prêmios.

Durante os dois meses seguintes, o filme foi visto em Hong Kong no Hong Kong Asian Film Festival e em Taiwan. No início de 2006, ele foi visto na Noruega no Oslo International Film Festival, na França no Lyon Asiexpo Film Festival e em cinemas da Coréia do Sul.

Em março de 2006, o filme foi lançado em DVD e no verão foi anunciado que a sequência, “NANA 2”, estaria nos cinemas no inverno. Contudo, apesar de toda a publicidade, a continuação infelizmente não recebeu a mesma resposta que o primeiro filme e só alcançou a 4ª posição na lista de filmes. Um ano depois, o filme foi lançado nos cinemas de Hong Kong e da Tailândia.

Ironicamente, a sequência de “NANA” foi ao ar antes do primeiro filme nos Estados Unidos, com “NANA 2” sendo exibido no IFC Cinema em Nova York em 8 de dezembro de 2006. Ambas as atrizes principais estavam presentes na estréia a um publico limitado. O primeiro filme não foi selecionado pelos cinemas dos estados Unidos até abril de 2008.

Nos dois filmes, o enredo abrange até o volume 5 do mangá e o episódio 19 do anime.

O próximo movimento de “NANA” foi a adaptação para a série de anime, que foi dirigida por Morio Asaka e animada pelo estúdio Madhouse. A primeira temporada foi ao ar no Japão em 5 de abril de 2006 e finalizada em 28 de março de 2007. A série abrangeu os primeiros doze volumes do mangá, num total de 47 episódios de trinta minutos. Mais tarde neste ano, o anime foi licenciado pela Viz Media na América do Norte e foi ao ar pelo canal Funimation. Desde então, a série foi transmitida em televisões da Itália, Portugal e Espanha.

Quando o anime foi lançado em DVD, o Japão fez uma venda especial por 77 dias no primeiro lançamento em 7 de julho de 2006; durante este período, o DVD foi vendido por um preço de 707 ienes. O Japão vendeu os 47 episódios em um total de 17 DVDs com o final em novembro de 2007. Com versões legendadas lançadas em Hulu e versões dubladas no Itunes, ele foi finalmente lançado na América do Norte em dois boxes de DVDs no outono de 2009.

Embora tenha havido discussões para continuar com uma segunda temporada, o anime está em hiatus há cinco anos.

Junto com os outros caminhos de “NANA” explorados, o mangá também encontrou seu lugar no mundo dos vídeo games. Com o primeiro jogo lançado para Playstation 2 em 2005, a série alcançou três sistemas, incluindo “NANA Dai Maou guide us all!” para PSP um ano depois, e para Nintendo DS, “NANA Live Staff big recruiting!” em 2007.

A Música de NANA


Mais do que a série em si, a música desenvolvida para as versões live-action e anime de “NANA” deram maior atenção à série, com trilha sonora, um álbum de tributo, e itens promocionais.

Enquanto a maioria das pessoas só experimentava o cenário musical através dos olhos de um fã, “NANA” possibilitou aos leitores entrar na vida das estrelas de rock e experimentar o que as bandas fazem: shows da perspectiva do palco, atividades dos bastidores, gravações, o recebimento dos presentes e gratidão dos fãs e trabalhar com a administração. Quando esta experiência se tornou live-action e animação, foi bem mais profundo. Além do mais, os fãs puderam ver a música ganhar vida através dos diversos shows da BLACK STONES e do TRAPNEST.

Após a estréia do primeiro filme, tanto Mika Nakashima quanto Yuna Ito viram mudanças em suas carreiras; Ito estourou no cenário do entretenimento japonês e Nakashima encontrou a si mesma no auge de sua carreira.

Durante o filme, Nakashima cantou a música tema Glamorous Sky durante um show da BLACK STONES. A letra da música foi escrita por Yazawa e a composição foi feita por Hyde da banda L’arc~En~Ciel. A música mais tarde foi lançada como um single sob o nome NANA starring MIKA NAKASHIMA. Em dois anos, o single vendeu mais de 860.000 cópias e se tornou o único lançamento de Nakashima a alcançar o 1º lugar no ranking da Oricon. Junto com esta aparição em “NANA”, a música também foi lançada em três vídeo games relacionados à música.

Para a sequência de “NANA”, Nakashima cantou novamente a música tema do filme, Hitoiro, com a composição de Takuro do GLAY e a letra novamente escrita por Yazawa. Em 2006, após o lançamento do segundo filme, Nakashima lançou o álbum The End sob o nome NANA starring MIKA NAKASHIMA. O álbum continha todas as músicas escritas para “NANA” e na capa, Nakashima vestida como Nana Oosaki.

Yuna Ito também fez lançamentos especiais de “NANA”, sob o nome Reira starring Yuna Ito. Seu primeiro single, Endless Story, foi de uma música do TRAPNEST usada no primeiro filme e alcançou o 2º lugar no ranking da Oricon. Durante a sua atuação em “NANA 2”, Ito lançou o single Truth, que foi o tema de encerramento do filme.

Com o lançamento do anime vieram mais músicas para “NANA”. Para Nana Oosaki e a BLACK STONES, as músicas foram compostas e cantadas no anime por Anna Tsuchiya. Sua música rose, bem como Lucy, foram o primeiro e terceiro temas de abertura. Tsuchiya também lançou três temas de encerramento para a série, incluindo uma repetição de rose, Kuroi namida e Stand by Me. Durante o episódio 4 da série, a BLACK STONES também tocou Zero de Tsuchiya.

Sob o nome ANNA TSUCHIYA inspi’ NANA ~Black Stones~, Tsuchiya posteriormente lançou três singles: rose, Black Tears e Lucy.

OLIVIA, que fazia na série a voz de Reira Serizawa cantando, também ajudou muito nas músicas do anime, incluindo o segundo tema de abertura, Wish e os três temas de encerramento da série, A Little Pain, Starless Night e Winter Sleep. Durante a série, o TRAPNEST tocou no episódio 18 e no episódio 32, as músicas Recorded Butterflies e Shadow of Love. Assim como Tsuchiya, OLIVIA gravou dois singles sob o nome OLIVIA inspi’ REIRA (TRAPNEST): A Little Pain e Wish/Starless Night.

Em 28 de fevereiro de 2007, ambas OLIVIA e Tsuchiya lançaram álbuns auto-intitulados com dez faixas sob seus pseudônimos de “NANA”. Os álbuns tinham todas as músicas que elas escreveram para o anime, bem como várias faixas novas inspiradas em “NANA”. Em março, a dupla lançou o álbum CD/DVD NANA BEST, que incluiu seus sucessos de “NANA”, junto com doze clips no DVD com a sequência de abertura e encerramento e os bastidores do anime e do filme.

Os fãs de “NANA” em Tókio também puderam assistir a um show intitulado NANA SPECIAL STREET LIVE, realizado no Shinjuku Station Square em 25 de junho de 2006. Para os fãs que não puderam comparecer, os bastidores foram gravados e lançados em DVD por OLIVIA. Em 30 de março de 2007, OLIVIA e Tsuchiya fizeram o NANA PREMIUM LIVE no Shibuya-AX, com os fãs sendo escolhidos para participar através de um sorteio. No verão, OLIVIA também fez um show solo na França, cantando várias músicas de "NANA".

Junto com as músicas lançadas do filme, o anime também lançou duas trilhas sonoras oficiais com todas as músicas de fundo. A primeira, NANA 707 foi lançada em 7 de julho de 2006 e junto com suas 44 faixas, vinha 7 cartões postais e um photobook de 49 páginas. Cinco meses depois, a segunda trilha sonora NANA 7 to 8 estreou, vindo também com os mesmos materiais de bônus.

A Inspiração de NANA


Como “NANA” se tornou cada vez mais popular, o prazer da série não abandonou os fãs. Em pouco tempo, o amor por “NANA” estourou no cenário musical, causando uma onda de inspiração para vários artistas pelo mundo. Logo depois, um álbum de tributo, Love For NANA ~Only 1~ foi produzido em 2005.

Com a inspiração e com os membros da BLACK STONES fortemente influenciados pela banda inglesa SEX PISTOLS, parecia justo que Glen Matlock, baixista da banda, e Hollie Cook, a filha do baterista do SEX PISTOLS, Paul Cook, gravassem a música Sleepwalking para a BLACK STONES.

A cantora canadense Skye Sweetnam também participou do álbum, cantando Sugar Guitar para o TRAPNEST.

Muitos artistas japoneses também se juntaram ao tributo à "NANA". Para a BLACK STONES, Tommy heavenly 6 escreveu GIMME ALL OF YOUR LOVE!! em inglês, enquanto Twinkle foi escrita por Kimura Kaela. A banda de rock Abingdon Boys School participou com Stay away, enquanto a banda de pop/rock Do As Infinity juntou-se com I miss you?. O tributo à BLACK STONES foi completo com as músicas Reimei jidai e BLACK CROW de Japaharinet e SEX MACHINEGUNS respectivamente.

O TRAPNEST não foi esquecido no álbum de tributo, com a estrela pop Otsuka Ai cantando sua música em inglês, Cherish, e Hotei Tomoyasu escrevendo Bambino. TETSU69 e ZONE adicionaram as músicas Reverse e Two Hearts ao álbum.

Além disso, Takamizawa Toshihiko do The Alfee escreveu uma música sobre os relacionamentos em “NANA”, intitulada BEAT 7 – The Theme of LOVE for NANA.

O Futuro de NANA


Contudo, o enredo de “NANA” não está seguindo o seu curso. “NANA” entrou em hiatus em 2009 quando a escritora Yazawa adoeceu, tendo que cancelar a sua aparição no Japan Expo e colocando todo o futuro de “NANA” em espera. Após o anúncio do hiatus pela Cookie, a revista não lançou a próxima edição encadernada e avisou que não teria edições posteriores até novo aviso.

Foi noticiado que Yazawa precisou de vários meses em repouso e que se internou em um hospital no Japão durante o ano. Este não foi o primeiro hiatus da série; Yazawa já tinha parado a antes, quando se submeteu a uma operação em junho de 2007 e ficou se recuperando até novembro deste mesmo ano.

Apesar de voltar para casa em abril de 2010, Yazawa disse à revista Josei jishin que ela “não tinha pegado em uma caneta desde que voltou para casa” e que não tinha certeza de quando, ou mesmo se, ela voltaria para “NANA”.

Independentemente do futuro da série, “NANA” permanece dos corações dos fãs de todo o mundo e, certamente continuará a ser uma série atemporal, uma série que inspira fãs de música e artistas pelos próximos anos.
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