Reelaborações imaginativas em uma turnê através de uma carreira frutífera.
A artista pop BONNIE PINK celebrou seu 15º aniversário na indústria musical em setembro passado. Não é uma má ideia dar um passo para trás e olhar para aquilo que veio antes, mas em vez de lançar outra coleção de best-of – sua última foi lançada em 2006 – ela decidiu reimaginar alguns de seus trabalhos anteriores em seu primeiro álbum de remakes próprios, Back Room –BONNIE PINK Remakes-, lançado em 21 de setembro.
O álbum de 10 faixas abrange toda sua carreira contém e músicas de seu segundo ao seu último álbum. Surge como uma seleção extraída de uma variedade de todo um espectro de gêneros musicais. A abertura, Heaven’s Kitchen, um de seus primeiros singles, foi amadurecida para 2011. Ao invés de uma faixa de pop-rock clássico, é agora uma peça de calma de lounge e é um remix legal. Ring A Bell foi igualmente atenuada, mas desta vez para um acústico suave, um rock melancólico. O arranjo cairia bem em um cenário intimista de show.
Há algumas faixas nas quais BONNIE e equipe obviamente se divertiram e deixaram a imaginação correr solta. Uma reformulação do single dançante do início da década de 90, A Perfect Sky, originou uma desaceleração no ritmo e conseguiu uma nostálgica música eletrônica para se divertir dançando. Burning Inside perdeu sua chama e é tocada como um reggae super arrojado, o que faz bom uso da melodia descontraída, embora não combine tão bem com a letra em intensidade. Um gracioso quarteto de barbearia1, Paradiddle-free é absolutamente perfeita, consistindo apenas de camadas da voz de BONNIE para cada harmonia e encantadores “do do”, exceto por um contrabaixo que oferece o tênue fio de harmonia. A beleza desse remake é que soa como se este fosse o jeito que era para ser realizado, ao invés do pop alegre original.
[1] Popular em canções românticas e sentimentais dos anos 20 e 30, caracteriza-se por um tipo de harmonia de quatro partes de vozes masculinas, sem acompanhamento musical.
Algumas das faixas receberam uma reformulação mais simples. Last Kiss foi movida para um cenário de contos de fadas, com a bateria e a guitarra elétrica do original removidas em favor de harpas e cordas. Enquanto ela surge como algo que pode ser ouvido em uma festa elegante convencional no jardim, era a canção certa para receber este tratamento. A vigorosa Do You Crash? foi reduzida ao essencial e ao tom atenuado para o som de uma batida baixa de blues rock. A dinâmica mudou, com cada linha do verso tocada através de microfones alternados, como se BONNIE estivesse conversando consigo mesma. A versão mais madura dá uma boa perspectiva de sua jornada desde então até agora.
A transformação nem sempre se encaixa tão bem, entretanto. Present recebeu um tratamento hispânico: algumas guitarras, um baixo e algumas palmas são os únicos instrumentos de acompanhamento, proporcionando um pano de fundo dramático para o que era um arranjo pop sutil e contemplativo. Foi cuidadosamente arranjado e os instrumentos magistralmente tocados, mas eles oprimem o vocal suave de BONNIE e transformam o desespero silencioso em melodrama. Se fosse outra canção, seria uma grande composição, mas com Present não ficou muito bom. A nova disco-funk Tonight, the Night é fantasticamente dançante, mas falta o fator festivo que a original tinha, o que parecia ser a intenção dela. Enquanto sua predecessora queria que você levantasse e dançasse, aquela versão convida-o a sentar e desfrutar uma bebida.
Uma nova faixa está inclusa entre os seus covers: a animada Look me In The Eyes. Não é nada de excepcional, mas é uma peça cativante de pop-rock com um pouco de Country e Western na mistura.
A edição limitada do álbum também vem com um DVD bônus intitulado Back Room Story, com o making-of da filmagem.
Esta viagem nostálgica é cheia da criatividade que BONNIE sempre usou ao escrever composições originais, e seria uma grande introdução para os não iniciados, bem como para os fiéis seguidores. É óbvio que a paixão pela música que ela tem desde o começo de sua carreira ainda é tão forte como sempre, e seria interessante ver o que mais ela poderia apresentar, se ela se dispusesse a fazer uma segunda tentativa de álbum de covers próprios.
