Entrevista

Entrevista com Calmando Qual

20/02/2012 2012-02-20 00:01:00 KoME Autor: polina & JaME Polônia Tradução: sakurazuka

Entrevista com Calmando Qual

O Calmando Qual fala sobre a evolução da banda por toda sua longa carreira de dez anos e faz planos para os próximos dez.


© Calmando Qual - Starwave Records
Continuando a série de entrevistas com os artistas do selo Starwave Records, o JaME sentou-se com o Calmando Qual durante o festival do selo Starwave Records no Ikebukuro Cyber, em 08 de novembro, para falar sobre as mudanças pelas quais a banda tem passado desde a última vez que os entrevistamos e mais.


O JaME tem tido a oportunidade de entrevistar o Calmando Qual várias vezes, entretanto, esta é nossa primeira vez encontrando o MAYA. Poderiam, por favor, apresentá-lo para nós?

Calmando Qual: Ele é o baterista, MAYA (risos).

Hibiki: Uma vez por mês ele interage com aliens em um leito de rio (risos).

Para leitores que não estão muito familiarizados com vocês, poderiam, por favor, apresentar sua música? Há algum lançamento ou canção que melhor representa o Calmando Qual?

Hibiki: Algo que é muito parecido conosco é o recém-lançado Negative Mustard. Eu acho que seria fácil entender o que somos se você escutá-lo.

MAYA: Como mudamos com o tempo, de certa forma, o que vai sendo lançado em um determinado período de tempo é o que melhor representa o Calmando Qual; o caminho em que estamos em qualquer dado momento. Eu recomendo tudo (risos). Todos os nossos lançamentos nos representam. Pessoalmente, porém, eu gosto dos primeiríssimos lançamentos, Killer Fiction, por exemplo.

Tak: Se eu tivesse que escolher uma música, provavelmente seria ANTI FLAG.

MAYA: Certo, há uma música na qual você vai assim (os membros levantam seus braços) “Hai! Hai!” (nota: aqueles que estão familiarizados com o Calmando Qual sabem que esta interpretação da letra é modificada para públicos estrangeiros.). É uma música chamada ANTI FLAG, na qual você faz esta dança na ponte[1].

Tak: Nós sempre tocamos essa música no final dos nossos shows e, se tivéssemos que escolher uma música com a qual os fãs ficariam entusiasmados, seria essa música.

MAYA foi afastado da banda por um tempo, e então ele reingressou. O que aconteceu para ele se juntar à banda mais uma vez?

Hibiki: Ele foi treinar nas montanhas, para ser aprendiz de um mestre mais forte. (risos)

MAYA: Se você ficar nas montanhas por vários anos torna-se bastante difícil, então eu voltei (risos). A banda mesmo não estava ativa por um tempo. Houve um período com uma mudança de nome quando eles tocaram como Twisted Clock, e quando eles decidiram reiniciar o Calmando Qual, eles me chamaram para participar. Eu era, primeiramente, um membro suporte e, antes mesmo que eu notasse, eu tinha reingressado à banda (risos). Ao aderir à Starwave Records, os membros me perguntaram se eu iria aderir ou não e eu disse “Eu vou!”.

O que mudou para vocês após juntarem-se ao selo Starwave Records?

Calmando Qual: Não ouve nenhuma grande mudança e nós estamos aproveitando a liberdade de poder fazer nossas coisas.

Tak: Temos tido a chance de assistir às bandas de nossos amigos e de nossos colegas de selo e nós aprendemos a partir disso. Através da competição, nós fomos capazes de pensar e progredir positivamente, e nós estamos felizes com isso.

Hoje vocês participaram do festival do selo Starwave Records, como vocês se sentem sobre isso?

Hibiki: Foi divertido! Toda vez temos a oportunidade de aprender com as performances ao vivo dos outros, então estamos nos divertindo enquanto aprendemos. Não adianta se nós não nos divertimos. Não é como um concurso no qual temos que ganhar, embora isso também não seja uma coisa ruim (risos).

Mudando de assunto, esse ano houve o desastre do terremoto de Tohoku que chocou o Japão, e o Calmando Qual lançou um single de caridade nesse verão por causa disso. Poderiam nos dizer como vocês foram afetados pelo desastre?

Hibiki: Para ser honesto, já que eu nunca tinha tido essa experiência, eu estava muito surpreso. Quando algo assim acontece repentinamente, senti que não há nada que possamos fazer...

Kenka: Na verdade, teríamos um show naquele dia. Contudo, como os trens pararam, nós não pudemos chegar ao local. Então eu realmente percebi a gravidade do problema.

Hibiki: Foi realmente ruim nas ruas...

Tak: As pessoas no norte como Sendai foram certamente afetadas, mas as pessoas em Tóquio foram também, e por um tempo a vida cotidiana foi completamente desordenada. Vários de nossos shows foram cancelados, e não foram só os nossos shows, várias casas de show não puderam abrir, então vários shows foram cancelados. Nós tínhamos preocupações se viria um tempo em que poderíamos continuar as atividades da banda. Então, por podermos tocar normalmente como hoje, eu sou muito grato. Coisas que pareciam naturais antes, eu aprendi a ser grato por elas.

Kenka: Ver pessoas de todo o mundo preocupados com o Japão me fez muito feliz, foi um grande incentivo. Eu quero enviar isso: Muito obrigado. Nós faremos o nosso melhor. O Japão fará o seu melhor de agora em diante.

Obrigado. Vocês lançaram outro CD nesse verão. Seu nome, Negative Mustard é bastante interessante. Como vocês o escolheram?

Hibiki: Nós o escolhemos porque ele é engraçado (risos). É negativo, mas, de alguma forma, também picante. Então, nós quisemos aproveitar essa negatividade em uma direção positiva, de certa forma. Eu achei que era interessante e me perguntava se tal coisa existe, então, eu procurei na internet e descobri que a mostarda negativa realmente existia! É como uma espécie de flor de uma laranjeira com o mesmo nome. Nós achamos que era muito bom. Seu aroma tem um efeito relaxante quando há um momento negativo, então esse significado foi adicionado mais tarde (risos).

Verão passado, o Calmando Qual realizou um show one-man de décimo aniversário...

Hibiki: No Tokyo Dome (risos).

Quando vocês olham para trás, em sua carreira, como era a época em que a banda foi fundada? Que tipos de objetivos vocês definiram para si mesmos?

Hibiki: No começo, nós estávamos objetivando nos tornar uma banda gótica que seria ativa ao redor do mundo. Nós não tínhamos objetivos como tocar em certo lugar, por exemplo, como tocar no Budokan, não, nós queríamos tocar ao redor de todo o mundo.
E vocês foram capazes de atingi-los...

Hibiki: (risos) Há vários lugares no mundo que nós ainda não visitamos. Polo Norte, Polo Sul, África, se vocês nos chamarem, nós iremos a qualquer lugar.

Em seus dez anos de atividade, como suas opiniões sobre a banda, a forma como a banda trabalha, mudaram?

Hibiki: Não mudou em nada. Nossa atitude de ‘Vamos fazer coisas interessantes!’ foi uma que tivemos desde o início. Nós não achávamos que queríamos ser como alguém, nós queríamos continuar sendo nós mesmos. Entretanto, recentemente nós começamos a nos tornar mais conscientes de nosso público. Antes, tínhamos essa atitude de “veja-nos como preferir”, mas, recentemente, fazendo visual kei, nós começamos a fazer shows que são mais conscientes do público de visual kei. Essa é uma forma de pensar que nós ganhamos muito recentemente.

Tak: Originalmente, éramos só nós dois, então o baixista Kenka e o baterista MAYA juntaram-se e, tornando-nos mais como uma banda, nós fomos capazes de fazer mais coisas, então nós mudamos dessa forma. Mas nossos sentimentos, como a forma como queremos fazer coisas que as pessoas ao nosso redor não fazem, como queremos pegar as coisas que gostamos e expressá-las como uma forma de entretenimento, esses sentimentos não mudaram. O sentimento de que nós queremos apresentar algo que o público gostaria de ver sob o nome do Calmando Qual não mudou em nada.

Sobre suas influências, elas mudaram durante sua carreira?

Hibiki: No início, eu costumava gostar de BUCK-TICK e Bauhaus. Agora, eu ainda acho que eles são ótimos, mas agora eu voltei a escutar artistas que eu costumava escutar quando eu comecei a ouvir música durante minha época de colegial. “Ah, isso é nostálgico, afinal de contas, eles são legais!”, esse tipo de sentimento.

Kenka: Eu não estava realmente na banda há dez anos. E, comparando a banda na qual eu estava naquele tempo com o Calmando Qual, parece que eu estou “realmente” em uma banda agora (risos).

Hibiki: Ele costumava tocar em uma banda cômica.

Kenka: Era divertido.

Tak: Para mim, as coisas de que eu gosto não mudaram. Eu ainda escuto as coisas que eu escutava dez anos atrás. Os arredores estão mudando, porém, há música nova, há novas tendências, e isso é incorporado como nossas influências. Mas as coisas das quais eu gosto, elas não mudaram.

MAYA: Eu me tornei mais sério, tenho mais vontade de aprender. Por exemplo, como hoje, eu quero aprender observando os pontos positivos de outras bandas. No que diz respeito à música, eu era originalmente um onívoro, eu escutava de tudo. Ou melhor, eu gosto de escutar músicas que podem viver dentro de mim.

Se vocês imaginarem o Calmando Qual daqui a dez anos, o que vocês acham que vão se tornar?

Hibiki: Nós vamos talvez nos tornar como Yazawa Eikichi (um músico japonês de rock ativo desde os anos 70). (risos)

Calmando Qual: Espera, ele está sozinho, o que isso significa? (risos)

Hibiki: Se pudéssemos nos tornar como os Rolling Stones seria legal. Eu acho que nós seremos mais como “músicos” do que somos no momento.

Quando começaram, vocês tinham visuais bem fortes. Então, mais tarde, vocês tentaram se distanciar do visual kei, por exemplo, em nossas entrevistas vocês diriam “Nós não somos visual kei!” ou “Nós queremos nos distanciar do visual kei.” Recentemente, vocês voltaram a esse cenário e, hoje, vocês mencionaram que são, de fato, uma banda de visual kei. Por que vocês querem se distanciar desse fenômeno e por que vocês voltaram?

Hibiki: Nós odiamos o modo de pensar sobre música no visual kei. O tipo de pensamento de que já que os fãs estão procurando por tal imagem, nós temos que fazer a mesma coisa que todos os outros, a mesma coisa que as pessoas que são populares, a fim de fazer os fãs felizes. Embora o artista esteja criando algo que ele quer criar, isso se torna “por favor, olhe-nos”. Eu realmente não gosto disso. Eu pensei, “Eu não quero fazer isso como aqueles tipos de caras”. Na realidade, essa forma de pensar ainda não mudou. Então, nós não gostamos disso e estávamos pensando sobre o que era a música. Então, decidimos nos distanciar do visual kei e simplesmente fazer música. Nós fomos capazes de fazer música boa e nós aprendemos muito na Twisted Clock, a qual levamos por cerca de dois anos. “Nós nos tornamos capazes de fazer boa música, nós realmente progredimos!”, eu pensei, e um dia eu senti que “não importa realmente se somos chamados de visual kei, não é tão ruim assim”. Então, pensamos que tentaríamos nos expressar dessa forma outra vez, então nós conversamos sobre reviver o Calmando Qual. Nós recomeçamos com um tipo de estilo de horror que nos disseram parecer um pouco com Tim Burton, e isso foi um tipo de estilo revolucionário para o Calmando Qual. Com isso, nossa consciência mudou. Há um público e há um artista, e há um equilíbrio que fomos capazes de apreender com esse estilo. Agora, se somos chamados de visual kei, se formos chamados de qualquer estilo, mesmo se formos chamados de folk, não importa. Decidam como queiram.

Vocês mencionaram o Twisted Clock, vocês gostariam de reviver essa banda em algum momento?

Hibiki: Esse nome da banda é legal, não é? (risos). Nós só queremos usar esse nome da banda novamente porque ele é legal (risos). Embora eu sinta que a Twisted Clock e a Calmando Qual sejam diferentes.

Kenka: Às vezes, nós ainda tocamos as músicas da Twisted Clock. Naquela época, nós estávamos mais orientados em direção à música, entretanto, nós agora progredimos e nos tornamos capazes de tocar as músicas do Twisted Clock com o Calmando Qual em uma forma diferente. Então, eu pessoalmente não sinto a necessidade de propositalmente lavar minha maquiagem e tocá-las. Eu sinto que é uma mudança positiva poder tocar essas boas músicas com a ajuda da expressão que a maquiagem nos permite.

Uma vez que vocês estão ativos juntos por um longo tempo, vocês provavelmente sabem muitas coisas interessantes uns sobre os outros...

Hibiki: Nós realmente não interferimos muito uns com os outros. Nós não sabemos nem mesmo os signos do zodíaco, tipos sanguíneos ou aniversários uns dos outros (risos). Nós sempre falamos apenas de música, então nós pensávamos “Que tipo de hobbies esse cara tem?”, nós realmente não sabemos nada uns sobre os outros (risos).

MAYA: Já que estamos todos escrevendo blogs agora, se nós os olharmos, entenderemos mais ou menos os interesses uns dos outros, tais como “esse cara gosta desse tipo de coisas”...

Hibiki: Como “esse cara é esquisito!” (risos). Eu descobri o aniversário dele esse ano! (aponta para MAYA). Nós nos conhecemos há tanto tempo e eu só descobri esse ano. Isso mostra o quanto não estamos interessados nos assuntos pessoais uns dos outros.

O Calmando Qual tem lançado uma série de singles e mini álbuns, entretanto, tem um tempo desde que vocês lançaram um álbum completo. Quando podemos esperar que seu próximo álbum completo saia?

Hibiki: De jeito nenhum, parece que acabamos de lançar um há alguns meses (risos). Nós queremos lançar um, e esperamos poder fazê-lo no próximo ano!

Faz cerca de três anos desde sua última turnê europeia. Vocês gostariam de ir para o exterior novamente? Aonde vocês gostariam de ir além da Europa?

Hibiki: Nós queremos ir!

MAYA: Semana que vem, ou mesmo amanhã, eu quero ir!

Hibiki: Nós estamos prontos para ir a qualquer lugar que nos chamarem. Coreia, China, Estados Unidos ou Austrália, nós queremos ir a qualquer lugar. Se nós sentirmos que somos necessários, nós queremos ir a esses lugares. Se vocês precisarem de rock, chamem-nos! (risos)

Calmando Qual: Mesmo para a África ou a Coreia do Norte (risos).

Por favor, digam-nos seus planos de agora em diante.

MAYA: Na próxima primavera...

Hibiki: Ele vai se casar (risos).

MAYA: (risos) Não, não era isso que eu ia dizer. Nós gostaríamos de lançar um CD na primavera, com pré-venda em março.

Finalmente, poderiam mandar uma mensagem aos nossos leitores?

MAYA: Eu nunca estive na Europa... Eu, de fato, nunca estive no exterior com a banda e eu realmente queria tocar no exterior, então, por favor, chamem-nos. E muito obrigado por nos apoiarem sempre! Por favor, aguardem ansiosamente pelo próximo CD.

Kenka: Como eu disse antes, eu acho que, atualmente, pessoas em todo o mundo estão gentilmente preocupadas com o Japão, mas nós não iremos perder. Nós estamos felizes que vocês tenham nos apoiado. Dessa vez, de uma forma diferente, usando música, nós gostaríamos de lhes pagar por esse apoio. Nós amamos vocês.

Tak: Passaram-se dez anos, mas durante esses dez anos temos feito o que queremos fazer, e eles passaram muito rapidamente. As pessoas ao nosso redor nos dizem “É incrível que vocês ainda continuem durante dez anos!”, mas nós simplesmente temos feito nossas coisas e esses anos apenas acabaram passando. Nós queremos alcançar nosso 11º aniversário também fazendo o que amamos, e claro que nós queremos fazer uma turnê no exterior, e com esses membros gostaríamos de visar nosso 20º aniversário. Faremos o nosso melhor.

Hibiki: Se você sente que precisa do Calmando Qual, nós ficaremos felizes de ir ao seu lugar, não importa onde ele está. Se você está interessado em nós, nos chame (risos). Nós continuaremos fazendo música de agora em diante, então, por favor, continuem a nos apoiar. E... para presentes, eu gosto de cerveja (risos).

Tak: Eu gosto de qualquer coisa, menos cerveja (risos).

Kenka: Eu estou ansioso pelas cervejas de todo o mundo! (risos)


O JaME gostaria de agradecer ao Calmando Qual e a Kiwamu por tornarem esta entrevista possível, bem como a Non-Non pela ajuda com a transcrição.

N.T.: [1] Em termos musicais, “ponte” é uma parte contrastante da música, que serve de transição e conecta ou retorna ao “tema” original.
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