Em sua passagem pela Japan Expo, em Paris, França, o JaME perguntou à banda sobre suas origens, desenvolvimento e mensagens.
O quarteto GARI tem se consolidado fora do Japão, especialmente nos últimos anos, se apresentando na França diversas vezes. Nós perguntamos à banda sobre sua integração entre rock e electro, suas opiniões sobre bandas japonesas se apresentando na Europa e as mensagens que eles gostariam de passar a seus ouvintes.
O público francês já os conhece bem. Para aqueles que não os conhecem, vocês podem apresentar a pessoa sentada ao seu lado?
Kei Kusakabe: Esse é Yoichirou, o vocalista e líder da banda.
YOW-ROW: Esse é Naoki, o baixista e palhaço da banda.
Naoki Fujimoto: Dokko é o guitarrista e louco da banda.
Yutaka Dokko: E esse é Kei, o baterista.
O que os inspirou a fazerem música?
YOW-ROW: Quando nós estávamos no colegial e na faculdade, aconteceu uma explosão na formação de bandas no Japão. Foi por isso que eu também quis ter uma. Nós conseguimos bastante sucesso como banda!
Que mensagem vocês gostariam de enviar através de sua música?
YOW-ROW: Desde nossa estreia fora do Japão, nós não queríamos ser descritos como uma banda japonesa. Nós queremos fazer músicas diferentes dos clichês que as pessoas escolhem de experiências anteriores, e é isso que nós queremos mostrar enquanto nos tornamos uma banda mais internacional. No Japão também há pessoas que fazem músicas para o mundo todo.
Antes de tocarem no GARI, vocês tiveram várias experiências com outras bandas. Vocês acham que a cena mudou? De que forma?
YOW-ROW: Eu acho que, em comparação com quando começamos o GARI, nós temos mais oportunidades de exportar nossa música para os Estados Unidos, Inglaterra e França, sem sermos classificados como J-POP e isso é bom.
Nesse ano vocês decidiram lançar seu novo mini-álbum, TOKYO SOLDIER, na França, antes de qualquer outro lugar. Por que esse agrado aos franceses?
YOW-ROW: O momento da virada para nós foi a viagem à Japan Expo dois anos atrás, quando nós pudemos tocar fora do nosso país de origem, especialmente na França. Se há um lugar onde nós podemos firmar esse desejo de construir uma carreira fora do Japão, esse lugar é a França.
Houve um intervalo de três anos entre MASKED e TOKYO SOLDIER, e isso é um longo tempo para a música. O que vocês fizeram durante todo esse tempo?
YOW-ROW: O período entre os lançamentos de e.go.is.tick e MASKED foi muito curto, e nós não conseguimos fazer muitos shows. Durante esse intervalo de três anos, nós finalmente conseguimos.
Vocês podem nos falar mais desse álbum?
YOW-ROW: Nossa ideia era fazer um álbum que fosse mais dance do que os anteriores, mas mantendo o toque do GARI, um pouco mais dinâmico do que um álbum dance e um pouco mais variado do que um álbum de Rip dance. É por isso que ele é, ao mesmo tempo, rock e electro, mas mantendo a ideia de que TOKYO SOLDIER é para dançar e aproveitar.
Por que vocês escolheram esse título para o álbum?
YOW-ROW: Nós escolhemos esse título quando descobrimos que o álbum seria lançado primeiro na França, para mostrar ao nosso público que no Japão há vários estilos musicais, que há muitas coisas a serem descobertas. Na verdade é para dar a impressão de que nós procuramos pelas pessoas com nossa música, não apenas esperamos serem descobertos, algo como um ataque. Talvez nós tenhamos escolhido um nome um pouco agressivo, mas é para mostrarmos o que queremos!
Como vocês compõem suas músicas? Integrar os samples electro a ela muda seu modo de escrever?
YOW-ROW: O primeiro passo é programar uma frequência musical em um computador, e nessa base nós adicionamos os sons acústicos da bateria, baixo e guitarras, e o processo final consiste de encontrar um equilíbrio entre os dois (sample a acústico), que dará o melhor som, o som do GARI.
Nós pudemos escutar seu álbum. Ele soa mais electro do que o que vocês haviam feito até agora. Vocês também mudaram a cor da capa. É porque TOKYO SOLDIER marca uma virada em sua carreira?
YOW-ROW: Na base do GARI há uma banda de electro rock, mas é verdade que esse álbum é um pouco mais pop, talvez um pouco mais leve, e era isso que nós queríamos fazer. É também para mostrarmos que nós podemos fazer um som mais glamouroso, mas pop – não apenas electro rock – e que podemos expandir nossos horizontes.
Como vocês acabaram misturando rock e electro? Vocês já tinham essa ideia quando criaram a banda?
YOW-ROW: Quando nós começamos o GARI, quase não havia electro, principalmente em outros estilos musicais. Então, quando eu entrei na banda como vocalista, nós tivemos a ideia de incluir minha habilidade de fazer samples. Eu programei sequências de dance music e nós incluímos o som de três outros instrumentos. Foi assim que nós fizemos a aliança electro-rock.
Suas letras são sempre agradáveis e possuem um grande lado espiritual, mas também falam da equalização das massas e de se exceder. Qual é sua visão da sociedade atual? Vocês nasceram em um país onde as pessoas devem trabalhar para o país, e não para si mesmos – vocês foram influenciados por isso para escrever essas letras e essas críticas?
YOW-ROW: Na verdade, nós temos uma visão bem crítica. É verdade que a música não tem tanto impacto quando a política, mas para nós é importante expressar essa crítica, como o U2 ou o Rage Against the Machine, que têm fortes envolvimentos políticos. Se eles podem, por que nós não? Então, nós também temos opiniões para dar.
Com quais temas vocês gostariam de lidar em suas músicas? Vocês se impõem limites, temas com os quais vocês não lidam?
YOW-ROW: Assim que nós começamos a compor uma música, temos uma ideia clara do que queremos transmitir, nós não escrevemos sozinhos, mas compomos igualmente. Então é um conjunto. Se o assunto não envolve política, nós vemos a que tom a composição se adapta. Se é uma música romântica, nós usamos tons que combinem com esse clima. Assim, nós temos imagens que tentamos transformar em sons.
Quais são suas principais influências? O que vocês estão escutando atualmente?
YOW-ROW: No momento eu tenho escutado Justice, mas também bandas de minhas raízes, como bandas punk, assim eu posso me absorver na música. Eu também escuto blues porque gosto muito, além de tudo o que soa dance. Eu sempre me interessei e admirei artistas de gêneros diferentes. Por que não misturar Iron Maiden com Underworld? é isso que me ajuda a ser curioso e descobrir diferentes artistas.
O começo da música Hey Now! lembra um grupo muito conhecido na França, o Daft Punk. Vocês tiveram alguma inspiração para essa música?
YOW-ROW: Na verdade, nós gostamos do Daft Punk, então isso nos deixa felizes. Nós gostamos de misturar diferentes sons, então essa comparação é um elogio para nós.
Nesse álbum, um dos títulos é I NEED YOUR LOVE. Vocês precisam de amor?
YOW-ROW: Sim, eu tenho alguma necessidade. (risos)
Essa não é sua primeira visita à França. Desde sua apresentação na Japan Expo, em 2007, que posição o público internacional tem em sua música?
YOW-ROW: Cada show fora do Japão foi uma experiência importante para nós, seja em um grande evento, como a Japan Expo, ou em uma pequena casa de shows ou cidade. Cada vez foi muito importante para nós, e nós vamos nos lembrar de todos esses momentos.
Vocês têm algum ritual antes de subir no palco?
YOW-ROW: Talvez não tanto um ritual. Eu gosto de ficar sozinho um pouco antes de sair do meu camarim.
Naoki Fujimoto: Eu gosto de me acalmar fazendo piadas.
Me parece que todos os baixistas gostam disso!
Naoki Fujimoto: Aparentemente. (risos)
Cada vez mais bandas japonesas vêm se apresentar na França. Qual a sua opinião sobre isso? O que vocês acham de fazer isso na França, já que muitas pessoas ainda presumem que a música japonesa é só o visual kei, muitas vezes em detrimento da qualidade?
YOW-ROW: Vir para a França é uma boa oportunidade de se tornar conhecido fora do Japão. Na verdade, é uma pena que exista esse paralelo. Nossa meta é mostrar que no Japão também há outros tipos de música. Não é necessário colocar todos no mesmo barco.
Vocês têm planos para o futuro?
YOW-ROW: No momento nós não temos planos, exceto por um novo álbum no qual estamos pensando. Nosso interesse está, na verdade, na esperança de que as pessoas se lembrem de nós na França e de que o público perceba que no Japão não há apenas bandas visual kei ou J-POP, mas vários estilos diferentes. Nós ajudamos as pessoas a escutarem sons diferentes, mas achamos que ainda há muito trabalho a ser feito.
Vocês tiveram tempo de passear por Paris? Foram a muitos lugares?
YOW-ROW: Nós chegamos na quinta-feira de manhã, então vimos apenas a Japan Expo e os arredores.
Antes de terminarmos, se vocês tivessem que definir o GARI em uma frase, qual seria?
YOW-ROW: Nós temos uma visão agressiva de nossa banda. O GARI está “atacando”! Nosso empresário costuma dizer, “o GARI é como uma arma”.
O JaME gostaria de agradecer ao GARI, ao tradutor e à Soundlicious por essa entrevista.