Enquanto algumas indústrias são claras em suas operações e práticas, outras não, e a cena musical em vários aspectos tende a manter seus fãs no escuro. Isso é frequentemente feito apenas com boas intenções; os fãs devem ser despreocupados e devem apreciar o que é produzido, sem se preocupar com o esforço necessário para chegar ali. Entretanto, nem todos os fãs apreciam este empreendimento, e na verdade, o sigilo envolvendo a indústria muitas vezes leva a fofocas, rumores e informações incorretas.
Além disso, no caso da música japonesa, a barreira da linguagem também pode causar diferenças culturais e complicar detalhes da cena mais difíceis de entender. Embora grande parte da indústria musical japonesa esteja ciente do interesse estrangeiro, seu foco principal é prover o fandom japonês, e no visual kei, isso não é exceção. Isso limita os fãs estrangeiros quanto a informações precisas, inclusão no cenário “real”, potencial de crescimento e participação ativa na cena de seu país de origem.
A confusão em torno da cena visual kei pode ser explicada de várias formas. Uma das principais razões é que os fãs estrangeiros que não foram ao Japão não têm a experiência em primeira mão do fandom, e devem basear suas opiniões em fotos, vídeo e no boca a boca. Isto pode ser enganoso e fazer a banda parecer muito maior do que é, mesmo para uma banda “major”. Outros contam com tabloides de fofocas, comunidades e sites de fãs, que podem estar cheios de informações incorretas. Sem esta experiência em primeira mão, percepções do visual kei no Japão podem ser distorcidas de diversas maneiras, que variam não apenas da crença de que o visual kei é “mainstream”, mas para questões muito mais profundas, por exemplo, como a cena ocorre e a realidade por trás de muitos músicos.
Equívocos na Popularidade do Visual Kei
Na
enquete sobre a globalização do visual kei que eu conduzi no JaME, fãs por todo o mundo ficaram extremamente divididos sobre se o visual kei era um estilo musical mainstream ou não, com apenas 43% dos fãs acreditando que era underground, mesmo no Japão. Enquanto a mídia japonesa tem relatado a popularidade estrangeira,
1 isso tem sido criticado e considerado exagerado pelo fandom japonês.
2 O termo “popularidade” pode ser uma característica de ambos os estilos musicais mainstream e indies, mas é importante entender a diferença distinta entre eles:
“Em um sentido básico, o termo “popular” é frequentemente utilizado para se referir à música que é, de fato, popular, significando que é consumida em grandes quantidades e apreciada por um grande número de seguidores. Em essência, então, a música popular pode ser rotulada como tal, simplesmente porque é produzida em massa, disseminada e consumida. Mas música popular também pode ser categorizada pelas suas qualidades estéticas, mesmo quando os artistas que se apresentam em um vernáculo popular desfrutem de vendas e reconhecimento limitados”.
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É incorreto dizer que o visual kei não é “popular;" todos os nichos de mercado são populares em sua própria forma, mas dizer que o visual kei é popular em um nível musical mainstream é exagerar grosseiramente quanto ao estado atual da cena visual kei.
Equívocos sobre este estilo musical vão muito mais a fundo do que apenas questões superficiais, como o tamanho do fandom e a popularidade. Muitos fãs globais, estrangeiros ou japoneses, muitas vezes não sabem como o lado comercial da cena funciona a menos que tenham trabalhado diretamente com empresas ou bandas amigas. A realidade disso é um despertar rude: músicos pobres e a maior parte do glamour do visual kei é arrancada, descobrindo muitas questões verdadeiras que estão por trás.
Fandom e Tamanho do Local
Um grande mal entendido sobre o visual kei é o tamanho verdadeiro do fandom de uma banda. Hoje, com muitas bandas tendo suas músicas e sites facilmente acessíveis, um fã em qualquer lugar do mundo poderia potencialmente descobrir e começar a seguir a banda. Entretanto, muitos desses fãs são totalmente inconscientes de que algumas bandas indies visual kei tem, na realidade, um pequeno número de seguidores, que não podem nem mesmo encher a primeira fileira de um local, muito menos o local em si. Também é importante entender que algumas dessas bandas nem sequer estão conscientes de que a sua música atingiu o público no exterior, especialmente se a sua fanbase em casa for pequena.
Quando perguntamos sobre a frequência de eventos,
Jimi Aoma, ex-baixista da banda
Chemical Pictures disse, “Em shows one-man a história é diferente, mas em eventos regulares às vezes você apenas tem um dia inconveniente ou não está tocando com o tipo certo de bandas, e você terá talvez 30 ou 40 pessoas. As bandas mais populares terão 60 ou mais. Aparentemente há alguns anos não era incomum para uma banda receber 100 pessoas lá dentro. Então no cenário há muita frustração e quase desespero para conseguir que mais pessoas vão. Eu acho que é por isso que por um tempo as bandas estavam ansiosas para fazer shows no exterior, porque se tornou muito difícil embalar uma casa de shows”.
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Para algumas bandas, mesmo com 30 ou 40 fãs é considerado um show de sucesso. Bandas que tocam em locais como o Urawa Narciss, Ikebukuro Cyber ou o HOLIDAY frequentemente recebem menos de dez fãs por show, de acordo com Polina Kogan, uma representante de imprensa do JaME que viveu consideravelmente em Tóquio. Não é incomum para ela assistir a um show em que certas bandas possuem apenas três ou quarto fãs no total.
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Por equívocos quanto ao tamanho original da fanbase de uma banda, quando o fandom cresce em tamanho e a banda assina com uma gravadora, transitando do “indie” para o “major,” a suposição é de que “se tornar major” e “se tornar mainstream” são sinônimos; isso é incorreto. Ainda há artistas indies “major” — que são simplesmente bandas com uma grande fanbase que vendem em volume muito maior, não apenas música, mas também ingressos de shows. Por exemplo, a gravadora PS COMPANY, Co, ltd. tem duas versões: Indie-PSC, para artistas indies, e PS COMPANY, casa dos artistas majors. Um artista só pode ser realmente considerado "mainstream" quando sua música alcança um nível em que é consumida pelo mercado em massa, ou quando o artista assina com um selo musical mainstream, como a Sony Music Entertainment ou a Electric and Musical Industries Ltd. (“EMI”).
X JAPAN, por exemplo, atualmente é uma banda da EMI e para muitos japoneses, é um nome familiar.
Outro equívoco quanto ao status do visual kei é o tamanho do local ser equivalente a sua popularidade. Há algumas bandas de visual kei que tocaram em locais incrivelmente grandes:
the GazettE é um exemplo disso, tendo tocado no Tokyo Dome, que comporta 55.000 pessoas,
6 em dezembro de 2010; entretanto eles não lotaram o local. Outros artistas, uma vez associados ao visual kei, como
GACKT,
X JAPAN e
L’Arc~en~Ciel também se apresentaram em locais estilo estádios, ambos no Japão e no exterior.
A maioria dos artistas de visual kei toca em locais muito menores, com alguns dos maiores sendo o Shibuya AX com lugares para 1.500 pessoas
7, bem como o Shibuya O-EAST
8 e o Akasaka BLITZ comportando 1.300.
9 Em uma escala muito menor, artistas de visual kei também tocam em lugares como o Takadanobaba AREA que suporta 400,
10 e o Urawa Narciss onde cabem apenas 250 pessoas.
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Ranking de CD
O Oricon Music Charts, o equivalente japonês ao Billboard Music Charts, também pode causar incerteza entre os fãs que não sabem como o Oricon calcula a tabela. O Oricon classifica as vendas de CDs visual kei tanto nos níveis indies quanto nos majors, e é usado por muitos fãs como um indicador para determinar não apenas o nível de popularidade de um grupo, mas também a qualidade do CD em particular; para alguns fãs, a não ser que a classificação esteja alta, ele não será comprado. CDs japoneses são frequentemente vendidos em versões numerosas visto que aumentam o rendimento, pois alguns fãs são consumidores colecionadores.
O Oricon explica que quando um CD é lançado em múltiplas versões, o total de vendas de todas as versões são somados e classificados como um único CD. Como um álbum com quarto versões, combinadas, elas podem vir a vender mais do que um CD com apenas uma versão; isso coloca o CD de quatro versões mais alto na escala de classificação e o faz parecer mais popular do que realmente é.
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Estigma Social do Visual Kei
Quando a banda visual kei
Golden Bomber alcançou o topo do ranking diário do Oricon de álbuns não-visual kei, pareceu que a sua música tinha alcançado o público mainstream.
13 Contudo, quando a banda apareceu no “Hanamaru Market”, um talk show matutino do Japão, onde anunciaram que alcançaram o primeiro lugar no ranking, ficou claro que a banda não atendeu às expectativas dos apresentadores, de uma banda que estaria normalmente no topo.
Quando a banda subiu ao palco, os apresentadores primeiro comentaram a maquiagem e as roupas da banda, com um deles exclamando, “assustador!" No entanto, após esta introdução, a maioria dos comentários foram mais felizes. A banda pareceu estar se divertindo, e fizeram uma pose “dramática” após anunciar que era uma banda visual kei. Contudo, quando a banda e os apresentadores discutiram o resultado do ranking do Oricon juntos, um dos apresentadores exclamou, “Vocês são
realmente o número um?!” para o qual um membro da banda respondeu, “Este é realmente o ranking real”.
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Embora este grupo certamente não seja uma banda típica visual kei, devido ao seu ar chamativo e performances selvagens, seus atributos visuais pareceram indicar a maior parte de seu tratamento no programa.
Este estigma social do visual kei pode ser visto como uma “forma menor de música”, aquela que paira sobre um estilo de música inteiro e foi mencionada por muitos artistas ao longo do tempo.
ShuU do
girugamesh explicou, “No Japão ainda há um tipo de discriminação contra o visual kei. Se você disser: ‘eu toco em uma banda visual kei', eles responderiam: 'Ah, tudo bem…' E nós gostaríamos de dissipar isso”.
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Um músico, que chamaremos de
Sr. A*, um membro de uma banda japonesa que também tem experiência em bandas visual kei, explicou que sofreu insultos de outras bandas durante as primeiras vezes que estava tentando mudar com a sua banda para um gênero diferente de rock. Enquanto ele era o único membro usando maquiagem, pois sentia que isso ajudava na qualidade da apresentação ao vivo, ele se sentiu envergonhado quando outras bandas riram e perguntaram se eles eram visual kei.16
*Nota: Sr. A pediu para permanecer anônimo.
Não é incomum para os fãs globais criticarem bandas que perderam sua maquiagem e seu estilo extravagante quando se tornaram mais populares ou se tornaram majors. Para alguns artistas, entretanto, os componentes visuais são vistos como algo que mantém sua banda com popularidade e aceitação mainstream. Em alguns casos, para mudar para uma nova gravadora, pode ser exigido que eles percam seu visual; outros podem apenas acreditar que isto é necessário para o seu crescimento e continuar a ganhar fãs.
17 Porém, esta opinião não é defendida por todos os artistas:
Sr. A explicou que viu outras bandas perderem muitos fãs após desistirem do seu visual; ele acreditava que isso era causado pelo fato de que os shows não eram tão emocionantes, uma vez que eles perderam seu elemento de glamour.
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Despesas Monetárias de um Artista Visual Kei
Quando a banda visual kei
SHAZNA se juntou para escrever o romance não-ficção
Homeless Visual Kei (Visual Kei sem-teto), é improvável que eles tenham percebido que mais tarde o termo continuou a descrever o estilo de vida de muitos músicos do gênero. O romance discute a ascensão à fama dos membros da banda
SHAZNA, mas não sem suas lutas. A banda detalhou sua dívida constante a ponto de esgotar sua poupança, vivendo em condições miseráveis e tendo suas vidas viradas de cabeça para baixo, de divórcios a ter diversos empregos para sobreviver. A história deles não está sozinha; artistas visual kei pelo Japão têm tolerado tais condições de vida precárias. Devido ao estigma social com pessoas que tem cabelo selvagem colorido ou piercings, muitos músicos, bem como outras pessoas que vivem estilos de vida alternativos, são forçadas a manter posições de trabalho não oficiais, como em bares, izakayas*, lojas de conveniência e salões de pachinko. Também não é incomum para membros de uma banda trabalharem em host clubs e outras áreas parecidas. Enquanto há músicos que podem ter trabalhos “apropriados” como trabalhadores de escritório, etc., sua outra “identidade”, a de ser um membro de uma banda, é muitas vezes mantida em segredo.
*Nota: Izakayas é um tipo de bar japonês que também serve alimentos para acompanhar as bebidas.
No que se refere a dinheiro, o visual kei é uma vida dura. Isso foi explicado por
Sr. A, “Antes, quando eu estava em uma banda visual kei e estávamos em turnê, nós pagamos talvez de 50.000 a 60.000 ienes (R$ 1.000 a R$ 1.200) em um mês por pessoa, sendo que estávamos na estrada metade do tempo e fazíamos sete ou oito shows por mês. Nós nunca tivemos nada desse dinheiro de volta. [...] Eu não gastava muito com maquiagens ou roupas como algumas pessoas; minha roupa mais cara custava 40.000 ienes (R$ 800) e eu a fiz sozinho. Mas o preço muda pois precisamos consertar o equipamento, marcar a van da banda e outras questões inesperadas”.
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milkjamjuice, um vocalista, cuja banda se apresentou ao lado de outras visual kei, bem como ajudou outros artistas com seus projetos visual kei, disse, “[Em uma banda não-visual kei] raramente ficamos quebrados mesmo com um show. Eu fui embora com o dinheiro na mão apenas poucas vezes e foi uma quantia pequena”.
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Artistas visual kei, na maioria dos casos, são responsáveis por todos os custos envolvendo suas atividades. Mesmo para shows especificamente, não há venda de ingressos exclusivos e as mudanças nos gastos dependem de vários fatores: que lugar é, se há um patrocinador, quais bandas estão tocando e se há um agente de vendas de ingressos ou um promoter para ajudar com o processo. Na maioria dos lugares pequenos, as bandas são responsáveis por vender os ingressos.
Em locais no Japão,
Jimi Aoma explicou como sua experiência com venda de ingressos de casas de show funciona: “[Em eventos com um patrocinador] o patrocinador aluga a casa de show para o dia, traz um monte de bandas e, então, o retorno é 50% a partir do 21º ingresso que foi reservado em seu nome. Então, na porta eles sempre checam qual banda você veio ver”.
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O sistema de pagamento pode mudar com cada patrocinador. “Às vezes o patrocinador é simplesmente uma banda que é a atração principal, às vezes o patrocinador é um organizador de evento e às vezes o patrocinador é um organizador de evento que na verdade trabalha em uma casa de show”, explicou
milkjamjuice, que passou a descrever um sistema chamado “noruma”.
“Os primeiros ingressos são como uma meta, e uma vez que você o alcança, você alcançou o noruma. Assim como as mudanças no pagamento, variando de 1% a 100% do preço do ingresso, o número de ingresso para alcançar o noruma também varia por evento. Eu toquei em eventos que tinham 15 ingressos para o noruma e alguns eventos que eram 30 ingressos para o noruma. Eventos com mais bandas tendem a ter um baixo noruma por banda, considerando que um evento com poucas bandas tende a ter um nível maior”.
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Quando não há patrocinador, o sistema de pagamento novamente é diferente. Neste caso a organização com a casa de show será feita diretamente pela banda principal, como é feito em eventos one-man. Enquanto cada banda ainda deve dinheiro, tudo é arranjado pela banda principal no lugar de um patrocinador. No final do evento, o dinheiro será transferido da banda para a administração da casa de shows.
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Em outras partes do mundo, o estilo da venda dos ingressos pode variar muito. Nos EUA,
Chele, uma ex-administradora de venda de ingressos de um pequeno clube na Virginia detalhou sua experiência; as bandas são responsáveis por vender 50 ingressos e cada um custava em média $ 10 (R$ 16). Cada artista tocando naquela noite era responsável por vender a quantidade necessária de ingressos, inclusive a banda principal. Caso as bandas não vendessem a quantidade necessária de ingressos, cada um era responsável por pagar as despesas do local de seu bolso ou perderia a oportunidade de entrar no palco. Se uma banda vendesse 50 ou mais, eles receberiam primeiro $ 225 (R$ 355) e 50% de cada ingresso adicional vendido.
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Roger, dono da empresa americana de promoção Tainted Reality localizada na Pensilvânia, compartilhou sua experiência trabalhando com casas de show: muitos clubes levariam os primeiros $ 500 (R$ 789) e então 20% de todos os lucros depois. A Tainted Reality tira 15% de todos os ganhos finais do clube, deixando o resto para a banda.
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Na Europa, a experiência também é diferente. A JRock NL, uma organização alemã que leva bandas para a Holanda, disse que sua venda de ingressos era feita pelo local, mas a JRock NL decidia o preço dos ingressos. Já que a JRock NL é uma organização sem fins lucrativos, os lucros eram usados para cobrir todas as despesas necessárias, inclusive o cachê dos artistas.
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Finalmente, a venda dos ingressos é apenas uma das muitas despesas a que os músicos ficam sujeitos. Além do dinheiro gasto na turnê, publicidade, roupas (que podem custar bem nos milhares, dependendo da sua complexidade),
27 gravações e outras necessidades para funcionar adequadamente como um grupo musical, mesmo promoções e participações em revistas tem um preço.
Quando examinamos como as bandas são selecionadas para participar de revistas visual kei, foi esclarecido que, embora algumas vezes a revista ofereça promover o artista, outras vezes o pedido para estar na revista vem diretamente da gravadora, administração ou da própria banda. Em ambos os casos, muitas vezes há uma taxa associada ao “anúncio” ou essencialmente, colocar a banda na revista. A taxa depende de onde a banda aparecerá na revista e que tipo de promoção é feita. Enquanto a banda está essencialmente comprando um espaço publicitário para colocar seu nome, a revista disfarça isso como um artigo e de outras formas: considerando tutoriais de maquiagem “como conseguir o look”, ou uma profunda análise dos trajes ou estilos de roupas pessoais. Com esses artigos, os fãs podem ler sobre seus artistas favoritos, marcas de maquiagem e roupas, e todas as empresas e artistas envolvidos recebem como resultado, promoção. O custo mais caro seria do artista que está na capa da revista – esta taxa pode facilmente variar de 300.000 a 700.000 ienes (R$ 5.970 a R$ 13.930). Devido a estes custos, muitos artistas que aparecem em revistas visual kei já são bandas estabilizadas; embora os editores pareçam conscientes de que os recém-chegados a cena precisam de publicidade, sem fundos para pagar estas taxas, elas são raramente incluídas.
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No entanto, isto não é algo estritamente definido para a cena visual kei; isto se ramifica em outros tipos de revistas japonesas e em alguns casos, até mesmo em revistas globais. Mas o modo de trabalho das revistas não é universal e pode variar de acordo com o país, cultura e até mesmo o gênero. Em outras áreas do mundo, há custos associados a estar em uma revista, bem como a aparecer na capa, mas eles vão mais a fundo do que uma taxa de “anúncio”; o dinheiro pago vai para o fotógrafo, cabeleireiro e maquiador, e outras necessidades. Na maioria dos casos, a própria revista cobre estes custos, mas ele é ocasionalmente pago pela gravadora do artista.
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Cruzando as Fronteiras de um “Fã”
Muitos artistas visual kei encontraram maneiras de fazer dinheiro sem ter numerosos empregos de meio período. Enquanto alguns artistas ficam em casa e moram com seus pais para sustentar seus estilos de vida, outros dependem de suas namoradas ou esposas. Em alguns casos, membros de bandas tem que se ramificar para uma prática chamada “mitsugu”, que se traduz como “dar dinheiro a alguém (isto é, uma doação)”.
30 Isso nem sempre equivale a dinheiro; alguns membros de bandas receberão qualquer coisa, de presentes básicos a extravagantes, que vão desde designer de joias a roupas, e mais. Um membro de banda pode ter numerosas garotas que praticam o mitsugu. O próximo passo, entretanto, é o “mitsukano”, novamente usando as palavra “mitsugu” e “kanojo”, que significam “namorada”. Uma mitsukano é uma garota que paga um membro de banda por encontros ou relacionamento; em troca do dinheiro. Alguns desses podem ser extremamente caros – em alguns casos, a garota é responsável por dar ao membro da banda dinheiro para gastar ou cobrir seu aluguel.
Bandas que permitem as fãs praticarem o mitsugu também estão quebrando outra “regra” da cena, chamada “tsunagari”.
31 Isto pode ser traduzido como “conexão ou relacionamento” e isso significa a transformação de ser apenas uma fã para se tornar uma conhecida ou namorada de um membro da banda. Para fãs que vivem em países estrangeiros, esta regra pode ser uma surpresa; isso não é incomum para membros de bandas americanas ou europeias que não só se tornam amigos dos fãs, mas algumas vezes namoram com eles. Na cena visual kei, isso é estritamente um tabu. Enquanto há muitos fãs japoneses que avidamente querem cruzar esta linha, isso é algo difícil, mas não impossível de se fazer; em tabloides de fofoca como o 2 Channel, tsunagari e mitsugu são frequentemente tópicos quentes e os fãs regularmente discutem como contornar estes limites.
Uchiages, também conhecidas como festas da bebida, são outra forma de construir sua fanbase e fazer dinheiro. Mesmo para membros de bandas que não bebem, eles são informados que tem que ir para esses eventos, de acordo com
Sr. A. Ele explicou que acha que deve ser uma tradição do visual kei mostrar que você pode beber muito, e como resultado, muitas bandas visual kei fazem uchiages como uma forma de fazer dinheiro rápido e mostrar o quanto são “descolados”. Caso suas bandas não façam isso, eles têm amigos que fazem. Normalmente, as empresas teriam bandas que fazem festas da bebida com fãs, cobrando 5.000 ienes (R$ 100) pelos drinks dos fãs. Na realidade, o custo era de 4.000 ienes (R$ 80) ou menos e a empresa subsequentemente ficaria com o resto.
Sr. A lembrou um amigo que não gosta de beber, e bebia em casa nos dias de folga para tentar ajustar o paladar. Contudo, se um membro da banda era inflexível sobre não beber muito, seu outro parceiro de banda beberia o resto de sua porção - discretamente.
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Resumo
Apesar de trabalhar na cena visual kei, mesmo para empregados, imprensa e a própria banda, sempre há mais para aprender. Assim, é impossível detalhar completamente todos os meandros da cena visual kei; como muitas coisas na vida, há constantes mudanças na forma como as coisas são feitas, e sempre há mais do que os olhos veem.
Eu espero que você tenha gostado desse segundo artigo da série virtual “Globalizando o Visual Kei”. Junte-se a nós no próximo sábado, quando discutiremos o crescimento do visual kei na Américas do Norte, Central e Sul.
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[1] “Visual Kei Artist ga Kaigai de Daininki no Riyuu”, Oricon Biz, October 14, 2009.
[2] “Visual Kei”, last modified March 30, 2011.
[3] Jennifer Milioto Matsue “Making Music in Japan’s Underground: The Tokyo Hardcore Scene” (Routledge, 2008) 111-112
[4, 21] Jimi Aoma, E-mail interview with author, March 10, 2011.
[5] Polina Kogan, E-mail interview with author, May 25, 2011.
[6]“Tokyo Dome”, last modified April 11, 2011.
[7] “Shibuya AX”, last modified March 2, 2011.
[8] “About Shibuya-O”, last modified 2011.
[9]“Akasaka Blitz Floor Map”, last modified 2011.
[10] “Takadanobaba Area”, last modified March 6, 2009.
[11] “Live House Narciss”, last modified 2011.
[12] “Ranking Oricon no Ongaku Sofuto (Single, Album) ni Tsuite,” Oricon, March 2, 2009.
[13] "Golden Bomber's New Album Ranking First on ORICON Charts!”, Music Japan+, January 7, 2011.
[14] Hanamaru Market, first broadcast January 24, 2011 by TBS.
[15] “Interview with girugamesh in Saint Petersburg, Russia”, JaME, May 25, 2009.
[16, 18, 19] Mr. A, E-mail interview with author, March 1, 2011.
[17] Kiwamu, Starwave Records, E-mail interview with author, February 13, 2011.
[20, 22, 23] Milkjamjuice, E-mail interview with author, April 19, 2011.
[24] Chele, E-mail interview with author, May 25, 2011.
[25] Roger, E-mail interview with author, February 17, 2011.
[26] Jrock NL, E-mail interview with author, May 25, 2011.
[27] “Order Made Mask Factory”, ID Japan, last modified 2011.
[28] Anonymous, E-mail interview with author, March 12, 2011.
[29] Kathy Chee, E-mail interview with author, May 31, 2011.
[30, 31] 2 Channel, 2011; Anonymous, E-mail interview with author, May 26, 2011.